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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

encaminhamento para cirurgia através do hospital

pela minha experiência é mais moroso. estou a ser acompanhada há seis anos no serviço de endocrinologia do curry cabral. tudo indicava que seria por aqui que iria ser feita a minha indicação para cirurgia. até que o serviço perdeu um dos psicólogos.

bem mas o primeiro passo é o médico de família. é ele que faz a requisição de uma consulta de endocrinologia para o hospital da área de residência. recebe-se em casa a marcação e é só aparecer no dia e hora marcada com o dinheiro para as taxas moderadoras. cerca de cinco euros. é natural que o endocrinologista peça análises clínicas, entre as quais à tiroide, glicémia e urina. logo na primeira consulta é natural que o endocrinologista peça também a marcação de uma consulta de dietética/nutrição. qualquer um dos médicos desta especialidade pode pedir igualmente a realização de uma consulta de psicologia. é este especialista que vai decidir, através da realização de testes psicológicos, se está perante um candidato adequado para cirurgia. estes testes visam o eu real e o eu ideal, a auto estima, pensamentos disfuncionais etc... lembro-me bem do meu psicólogo na altura frisar que álcool e drogas eram exclusão certa. safa... :D

além da indicação por parte do psicólogo o IMC tem de ser superior a 40 (para uma pessoa "apenas" obesa) ou 35 (para pessoas com outro tipo de complicações, nomeadamente hormonais ou diabetes).

depois da indicação do médico a primeira coisa que acontece é a tal sessão de esclarecimento em grupo sobre os tipos de cirurgia e como decorrerá o processo.

um conselho: se estão na fase de ponderação, falem com o vosso médico abertamente. é com ele que devem avaliar os prós e os contras antes de uma decisão desta importância. existem outro tipo de soluções não definitivas se não tiverem a certeza. se isto for realmente o que querem fazer, o importante é que tenham a noção de que a cirurgia é não-reversivo. é para a vida. uma verdadeira MUDANÇA.

já dizia o darwin:

sábado, 23 de fevereiro de 2013

prólogo

nunca fui uma criança magra. mas a partir da adolescência tornei-me numa miúda gorda. com todas as questões que isso traz a nível psicológico. insegurança, refúgio, introversão etc... a minha sorte é que pelo contrário sou uma pessoa extrovertida e bem humorada portanto sempre tentei levar o meu peso de uma forma leve e descontraída e combater estes sentimentos contraditórios. disfarçar a questão portanto....

durante a adolescência nunca me faltaram namoradinhos, principalmente nas fases em que ficava mais magra. começaram aqui as dietas. todas. de a a z. da sopa de tomate, do leite com banana, do aipo, da seiva, do chá...

lembro-me que foi devido a uma dieta que comecei a beber café, coisa que não apreciava até à altura, devido ao o pequeno almoço ser um ovo cozido e uma chávena de café.

pela altura da faculdade, mais uma grande dieta. perdi 30kg. passava fome. dias em que a primeira coisa que metia no estômago era uma bolacha integral às 5 da tarde. ajudada por comprimidos prescritos pela clínica do dr. póvoas. (quando digo que fiz todas as dieta são mesmo todas) dieta+stress de exames fez com que, chegada aos 30kgs, estivesse com uma depressão e com o início de um esgotamento nervoso. ansiolíticos, calmantes etc... comecei a engordar de novo. recuperei os 30kgs e mais uns quantos por cima. mas andava feliz. na altura tinha um namorado que não se importava se parecesse gorda, magra ou zarolha. e eu fui engordando aos poucos. não se importou durante 6 anos. depois fartou-se e eu engordei mais. recuperei e fiz por emagrecer.

e é aqui que começa o meu processo no hospital curry cabral. fui encaminhada para a endocrinologia pela minha médica de família e durante seis anos fui acompanhada neste serviço. emagreci 25 kilos e andava feliz. gostava de ver os ossos a começarem a notar-se debaixo da gordura. depois... comecei a engordar de novo. por essa altura tive uma consulta de nutrição a que não fui por vergonha. não compareci a nenhuma consulta por ano e meio e durante esse ano e meio voltei a ganhar os 25 kilos.

ao fim desse tempo achei que era demais e voltei de novo à endocrinologia, mais uma vez através da minha médica de família. desta vez foi-me diagnosticado um distúrbio hormonal de seu nome doença de graves. fiz tratamento e passado um ano estava em remissão (yei!).

fora este episódio não tenho nenhuma doença/condição. as minhas análises, e faço análises pelo menos duas vezes ao ano, têm sempre os valores perfeitos. a única coisa que tenho é os níveis de glicémia baixos quando em jejum.

chegamos a 2012. tinha vindo a ser acompanhada há cerca de um ano por um psicólogo, como parte de ajustamento alimentar, que me propôs passar à consulta multidisciplinar (com um endocrinologista, nutricionista, psicólogo e cirurgião). e foi aqui que me caiu a ficha. não tinha conseguido perder peso e mantê-lo de forma autónoma. era a altura de admitir que tinha falhado e que não conseguia sozinha.

e esta foi a decisão que demorei mais tempo a tomar. e passaram 3 meses entre consultas onde pesquisei tudo. procedimentos, dietas (antes e depois dos diversos tipos de cirurgias) prós, contras, testemunhos, vi vídeos de cirurgias, vi fotos de pessoas com aventais, vi fotos de pessoas 5 anos depois de cirurgias. logo na altura o procedimento que era mais apelativo era o bypass gástrico pelo simples facto de não me cortarem e retirarem o estômago. entretanto mudei de ideias e prefiro o sleeve. cheguei à consulta de psicologia com a certeza que queria mudar de vida. que não me reconhecia como pessoa no meu corpo e que este me limitava. já tinha feito testes psicológicos e naquela consulta fiquei a saber o diagnóstico: estava considerada psicologicamente apta a lidar com tudo o que uma cirurgia bariátrica traz. chorei de felicidade.

fiquei à espera da marcação da consulta multidisciplinar que nunca mais chegou. entramos em julho e numa consulta previamente marcada com a minha endocrinologista fico a saber que o meu psicólogo tinha saído do hospital e que o serviço aguardava a entrada de um substituto. e aguardei. entretanto fracturei a perna e engordei ainda mais. e, de perna engessada lá fui eu a uma consulta, também já marcada anteriormente, de nutrição. por sorte, a consulta foi dada por um outro nutricionista que me falou do PTCO (programa de tratamento cirúrgico da obesidade) e como poderia ser inscrita no mesmo através do meu médico de família de forma a não ficar a aguardar pela chegada de um psicólogo para dar andamento ao processo no hospital.

e assim foi. médico de família inscreveu-me em setembro e fui a uma consulta multidisciplinar/sessão de esclarecimento dia 14 de dezembro de 2012. entretanto esta semana chegaram as marcações das análises e todas as consultas prévias à cirurgia: endocrinologista e nutricionista no mesmo dia (uma a seguir à outra) uns dias depois consulta com a psicóloga (externa ao curry cabral) e no final de maio a consulta com o cirurgião.

nos próximos posts vou abordar todas as questões que aqui passei pela rama: como funciona o PTCO, como funciona a marcação de cirurgia através do hospital, que tipos de testes fiz nas consultas de psicologia e como foi a consulta/sessão de esclarecimento que deu andamento ao processo.

estou a contar ser operada lá para o verão. e mudar a minha vida. de uma vez por todas.

porquê

dizem que a primeira vez custa....
pois.

então a primeira vez vai ser um aviso à navegação. este blog vai ser sobretudo informativo. sobre o quê? sobre aquilo que será a minha cirurgia bariátrica. como cheguei cá, o que fiz, o que não fiz... e porquê? porque na altura de decidir se faria, se não faria a cirurgia, andei a pesquisar no google e encontrei imensos testemunhos, mas... brasileiros.

resolvi deixar o meu testemunho da realidade portuguesa. nota: estou a ser assistida através do serviço nacional de saúde.