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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

a cicatrização (ou uma aventura nova a cada dia)

como se precisasse de algo para confirmar que fiz duas cirurgias completamente distintas, o processo de cicatrização está todos os dias a lembrar-me disso. os braços recuperam maravilhosamente. já as pernas... 

mas vamos começar pelas partes boas, ou seja, pelos braços

passado uma semana retirei os pensos (limpinhos) e os meus braços estavam assim: 




neste momento em que passaram 10 dias não tenho dores (as maiores foram nas axilas), quase não tenho hematomas, o inchaço é muito menor do que o que estava à espera, e o que incomoda, não são dores, mas apenas impressões por causa dos pontos, e um ponto meio repuxado na junção da axila e do braço. este sacana: 



e sim. consigo levantar os braços aquela altura 
btw: desculpem os pelinhos mas a ultima coisa que consigo conceber agora é fazer a depilação. :P 


agora as pernas... 

as cicatrizes das pernas são localizadas na parte interior e nas virilhas desde a parte frontal até À traseira. o que significa ter pontos no rabo. a maior parte das dores é localizada aqui nesta área a vermelho. isto é, na junção das incisões e onde é feita a maior pressão quando me sento, deito, vou à casinha etc... todos aqueles movimentos diários que são naturais e sobre os quais nem pensamos. 


como já vos disse, saí do recobro com uma hemorragia na perna direita. o que significou que dois dias depois a parte interior da minha perna era um hematoma pegado. e quem diz perna diz vajaijai. tudo com hematomas e inchado. tão inchado que a consistência era parecida à de um salpicão bem seco. 

agora imaginem que isto é a face interior da perna. é mais ou menos o que parecia com os hematomas: 



mas isto a perna direita. a esquerda recuperava sensivelmente bem. alguns hematomas, inchaço claro, mas cicatriz limpinha e sem dores de maior.

quanto à cicatrização. no sexto dia voltei ao hospital para ser vista pelo meu médico porque os hematomas espalharam-se incrivelmente pela parte traseira da perna direita. sendo que estava rija e quente pensei que pudesse ter nova hemorragia interna. afinal não. é apenas decorrente da que tive. e segundo o médico é de esperar que o hematoma desça perna abaixo antes de desaparecer. 



só 9 dias depois é que a cicatriz da perna direita deixou de babar. que é como quem diz, sangrar.

e agora vem a parte pior... as virilhas. os meus pontos das virilhas infectaram. e porquê? 

quando vim para casa, vim com duas grandes indicações: não tirar a cinta, não escarchar as pernas. 

ora a cinta, ou o instrumento de tortura medieval como carinhosamente lhe chamo, é aberta em baixo e atrás para que fosse usável quando estava algaliada, numa primeira fase e numa segunda consiga fazer o numero 1 e o numero 2 sem a tirar.  agora expliquem-me como consigo fazer xixi de pernas praticamente fechadas e não sujar a cinta. é impossível. impossível. completamente impossível. 

o que obviamente significou bactérias na cicatriz. bactérias que desenvolveram infecção. e se eu sou uma pessoa que vê sempre o copo cheio, quando vi que a cicatriz estava infectada não consegui evitar as lágrimas. 

(e deixem-me que vos diga, uma infecção numa ferida cheira muito mal.)

por coincidência, tinha combinado nesse mesmo dia ir ao hospital para tirar os pensos e fui vista pelos meus dois cirurgiões. disseram-me que não estava muito mal e vim para casa com a indicação de fazer o penso todos os dias e me lavar com betadine vaginal. 

virei maníaca das limpezas e desinfecções. cada vez que vou à casa de banho (tento que sejam apenas duas vezes por dia) lavo-me e desinfecto-me toda. comprei sabão liquido anti bacteriano com o qual desinfecto as mãos antes de fazer qualquer coisa junto da cicatriz, todos os pensos que tiro vão directos para um saco sem tocar em mais nada, só uso gazes esterilizadas, etc... só sei que, fora os pensos que me deram no hospital, já gastei 40 euros em pensos na farmácia a mudar pensos e acho que não chegam. 

hoje, depois de publicar este post vou de novo ao hospital porque a infecção não está a dar tréguas e abriu dois buracos nas incisões. 

vou-vos poupar a fotografias mas é mais ou menos isto: 


é uma aventura todo este processo. num dia hemorragias, no outro infecções, no seguinte ia desmaiando a tirar os pensos, no último fiz alergia aos pensos impermeáveis. 

não sei qual vai ser a aventura que me espera hoje quando voltar ao hospital mas já tou por tudo. se tiver de ficar internada para voltar ao bloco por causa da infecção que seja. cansei. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A(s) cirurgia(s) plástica(s)

lembram-se que sempre disse "não quero passar por duas cirurgias, duas anestesias e duas recuperações"? hoje já não sei muito bem se faria uma dupla cirurgia plástica. provavelmente por ainda não ter passado uma semana e ainda esteja tudo muito fresco. mas vamos por partes...

primeira coisa se forem fazer uma dermolipectomia (a plástica às pernas) o médico vai-vos pedir uma cinta até abaixo dos joelhos. não sejam parvos como eu e vão a uma casa de lingerie comprar uma cinta lisa com pouca compressão. comprem uma cinta médica modeladora tipo isto:
comprei a minha na hospitex. custou cerca de 80 euros. mas só a consegui ter ao terceiro dia de internamento porque julgava que a outra era suficiente.

passando este apontamento... fui internada dia 01 à tarde para ser operada no dia 2 às 10h00. jejum total desde a meia noite. no dia da cirurgia acordei as 06h30. às sete já estavam a distribuir as roupas para o banho pré-cirurgia (se me tivesse lembrado que era o último bom banho que ia tomar em algum tempo tinha aproveitado melhor). de seguida o meu médico chamou-me (já vos tinha dito que era o dr. joaquim bexiga certo?) e deixou o marcador fazer o seu trabalho:



às 09h30 veio o maqueiro e lá desci eu até ao bloco operatório. e começou uma experiência completamente diferente da cirurgia do bypass gástrico.

cheguei ao bloco operatório central e fui recebida por uma equipa inteira com um batalhão de perguntas: alergias, quanto peso tinha perdido, confirmação da cirurgia, do cirurgião etc... puseram-me o catéter e levaram-me para a sala 2. e de repente parecia que tinha entrado numa nave espacial gelada. não fazem ideia o frio que está dentro de uma sala de cirurgia. e depois mais perguntas e explicações do que iria ser a anestesia intravenosa. e de repente senti um ardor na mão e só disse "vou-me apagar".

a operação começou as 10h30 e terminou às 14h45. quatro equipas de volta de mim.

acordei na sala de recobro, com dores nas axilas, às 15:45, às 16:30 e às 17:15. apercebi-me que tinha a cinta vestida e a algália a sair por dentro da cinta. por essa hora já não adormeci de novo e pedi para voltar para a enfermaria. quando me vieram buscar, duas enfermeiras preparam-me e quando tiro um dos lençóis aquecidos que tinha em cima e reparei que estava manchado de sangue.

e começou.

vejo as enfermeiras a olharem para as minhas pernas e a fazerem: "ehhhh pahhh". tinha uma poça de sangue debaixo de mim. tiraram-me a cinta.

nunca esperei ver as minhas pernas tão cedo.

tiraram-me todos os pensos que tinham acabados de ser feitos na cirurgia. tentaram estancar com novos pensos e levaram-me para a enfermeira que estava à minha espera. informaram-na da hemorragia. saí do bloco e logo cá fora tenho os meus pais, o meu namorado e uma amiga minha à minha espera. e bem disposta (sem ter muita noção da gravidade da coisa) digo oláááá e "mãe vou precisar de uma nova cinta que esta está ensopada em sangue. pergunta ao afonso que ele sabe onde comprei esta". e dou-lhe a cinta ensopada.

vieram comigo no elevador. chego ao quarto e tenho logo duas enfermeiras de volta de mim a tirarem de novo os pensos e a biparem os médicos para me observarem. não parava a hemorragia da perna direita. fizeram novos pensos e enrolaram-me as pernas com ligaduras de compressão visto que não tinha cinta. e tudo aquilo me pareceu normal. não fazia ideia se a cicatriz "babava", como referiram, normalmente ou não, portanto assumi que sim.

e deixaram entrar a minha família. não tinha muitas dores e foi uma visita normal. eu a contar tudo excitadíssima.

quando o médico assistente saiu do bloco e me veio observar de novo é que me bateu que se calhar aquela situação não seria muito normal. veio acompanhado com outros dois cirurgiões e mais duas enfermeiras. tiraram-me as ligaduras de compressão e de novo os pensos. pela terceira vez.

pela.
terceira.
vez.

e só vos digo se das outras vezes nem senti muitas dores, porque estava ainda sobre o efeito dos analgésicos, desta vez... mas o pior veio depois. o médico apalpou-me uma e outra perna e percebeu que além de estar com uma hemorragia externa também estava interna porque a perna estava muito rija. solução: abriu-me pontos (sim aqueles feitos horas antes) e espremeu-me a perna para o sangue sair. não fazem ideia das dores. fiquei azul, verde, aos quadrados, em 5d, gritei e disse asneiras.

voltaram-me a fazer novos pensos e novas ligaduras de compressão. se a hemorragia não estancasse teria de voltar ao bloco operatório. tentei dormir.

na manhã seguinte ainda nem oito da manhã eram e já tinha o médico comigo de novo. acompanhado por outros dois médicos. só disse: "deviam estar do meu lado e ver a vossa cara a olhar para a perna". de todo o corpo de cirurgiões plásticos do são josé só um é que não me viu a perna e por consequência a fofinha. fui sangrando cada vez menos e assim me safei de regressar ao bloco. e como nunca fui de vos esconder nada aqui fica o cenário que enfrentava:





domingo sou observada pelo meu cirurgião que foi propositadamente ao hospital para me ver. finalmente dá-me ordem para andar e retirarem a algália (que só saiu na  outra manhã).

no dia seguinte foi dia de pensos. vi pela primeira vez os meus braços e notei logo os músculos. que alegria. mesmo ainda inchados as cicatrizes estão bonitas e tem uma diferença brutal. como me disse o cirurgião: "raramente vi uma coisa tão feia na perna, mas olhe que nunca vi uma cicatriz tão bonita nos braços".

tive alta na terça feira, o que correspondeu a seis dias de internamento. vim para casa dos meus pais com indicações para andar, beber muita água, baixa de 30 dias e uma receita de benuron e nolotil. ainda não tomei nenhum nolotil.

a cada dia sinto, principalmente os braços, a melhorar. mas tudo é feito muito devagarinho. nos próximos posts vou-vos contar acerca da cicatrização e a cinta. a sacana da cinta.


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

hoje de volta pra casa

... dos meus pais onde vai ser a minha recuperação. foi a minha pior noite de sono e pior acordar com dores. acordei às 04:30. e quando tinha conseguido ficar mole de novo para adormecer começou o dia na enfermaria. não há como dormir no hospital. 

assim que conseguir vou detalhar a experiência da cirurgia. 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Terra à vista

Depois de dois anos em lista de espera por uma cirurgia plástica dupla (braços e pernas) finalmente tenho data! 

Mas este foi um processo longo cheio de avanços e recuos. A última fase do processo foi quando recebi um vale cirurgia para ser operada num hospital privado que tivesse convenção com o estado. Tudo muito bem, mas... só poderiam fazer uma das cirurgias. E teria de escolher. Ora como eu não quero passar por duas anestesias e ainda mais por duas recuperações, preferi continuar a aguardar por vaga no hospital de São José. 

E após muita paciência e persistência o telefone tocou com boas notícias. O natal vai chegar mais cedo e vou ser operada dia 2. 

Entretanto amanhã terei já de ir ao hospital falar com o médico e presumo que fazer análises, exames e uma consulta de anestesia. 

Entretanto muita coisa passa pela minha cabeça. Desde coisas mais a apontar para o futuro como: quando é que vou conseguir conduzir de novo, quando é que vou conseguir voltar ao ginásio e outras mais práticas e imediatas como: raios! Vou estar de novo com o período na cirurgia. Mas desta vez é mesmo muito mau por causa da cicatriz! 

Tenho algumas questões/pedidos para colocar amanhã ao médico, nomeadamente: pode-me receitar alguma coisa que me atrase a menstruação?; é verdade que os resultados da cirurgia as pernas só duram cerca de cinco anos? Mesmo em casos como o meu com bastante pele para retirar? Como fica depois dos cinco anos?; quanto tempo vou ter de andar com as meias de compressão?; e nos braços?; o que é que posso fazer para acelerar a recuperação?; quanto tempo depois é que posso fazer o amorzinho?; que cuidados é que tenho de ter a apanhar sol? E muito mais... 

Bom são muitas perguntas e nenhumas respostas. Espero já algumas amanhã. 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

a cirurgia plástica e o quem quer ser milionário

9 meses depois de estar em lista de espera para a cirurgia plástica aos braços e pernas resolvi pegar nas últimas, as pernas portanto, e dirigir-me ao hospital e perguntar sobre o meu processo. 

não que não esperasse, afinal esperamos sempre este tipo de coisas do serviço público, mas não era lá que me podiam dar essa informação. com a reorganização dos hospitais centrais teria de me dirigir ao hospital de São José ou ligar para o departamento central de cirurgias, mais especificamente para a unidade regional de inscritos em cirurgia (já agora para quem quiser é o: 218425102). 

preparava-me para ligar na segunda feira seguinte quando toca o meu telefone e para minha surpresa é um médico do São José a indicar que tinha aberto uma vaga para cirurgia devido a uma desistência e que seria operada na próxima sexta feira. se assim decidisse aceitar a vaga. 

e de repente senti-me no quem quer ser milionário. o prémio era a cirurgia que eu esperava. só tinha de aceitar. MAS... (há sempre um mas nos concursos certo?) só me conseguiam operar a uma coisa, ou aos braços ou às pernas porque não tinham tempo de bloco suficiente para as duas intervenções. para melhorar ainda o "jogo" tinha 15 minutos para decidir ou a vaga passava para outra pessoa. 

portanto, se por um lado tinha a possibilidade, nove meses depois, de ser operada, por outro tinha o relógio em contagem decrescente em cima da minha cabeça para se sim decidia operar e era as pernas ou os braços. 

depois de pensar (esgotei os meus 15 minutos) decidi não ser milionária e não aceitar a vaga. preferi não me sujeitar a duas cirurgias, duas anestesias e duas recuperações. 

não posso dizer que não me custou. custou, afinal é uma cirurgia que quero muito e sinto que vai completar o meu processo de mudança. mas ainda hoje acho que foi o melhor que fiz. preferi esperar mais um pouco e ter apenas uma recuperação. 

e assim foi. continuei à espera. ou que o telefone tocasse ou que pelo correio chegasse alguma novidade. e a novidade chegou primeiro pelo correio. 

na semana passada recebi uma nota de transferência. nessa nota de transferência (que não é um vale cirurgia, mas sim uma transferência para um hospital público) referia vaga para cirurgia na especialidade em 51 dias. a transferência é para o hospital de Santa Maria e se decidisse aceitá-la tinha de apresentar a nota de transferência até 17 de Julho no hospital para onde indicaram a transferência. 

se não aceitar a transferência tinha de avisar o meu hospital (o São José) no prazo de 15 dias e assim manter a minha vaga. 

preparava-me eu para dar início ao processo de transferência para o Santa Maria quando hoje toca o telefone. havia uma vaga para ser operada na próxima semana. as duas cirurgias. e de repente voltei ao quem quer ser milionário. 

pedi ao médico se me deixava pensar um pouco antes de aceitar. 

e que é que estava a meter nos pratos da balança desta vez? prato 1: o meu trabalho. já tinha tudo orientado e estava a contar ser operada para setembro o que coincidia com o encerramento de um projecto em que estou a trabalhar. prato 2: a minha saúde e bem estar. a operação que estou à espera há tanto tempo e que de um dia para o outro pode acontecer. 

liguei ao meu namorado. liguei à minha melhor amiga, e o prato 2 pesava cada vez mais, mas o prato 1 angustiava-me tanto. não gosto de deixar as pessoas na mão, e estava-me a sentir a abandonar um projecto que é realmente bom. 

e a ajuda veio de novo por telefone. era de novo o meu médico. nessa hora tinham entrado duas urgências e já não tinha vaga para a semana. e senti um alívio misturado com tristeza e soltei um: "não brinque com o meu coração de passarinho".  

entretanto o médico garantiu-me que final de agosto, início de setembro tenho vaga para cirurgia o que acaba por coincidir com os prazos do hospital Santa Maria na nota de transferência. 

portanto, vou enviar a recusa de transferência e aguardar de novo que o telefone toque. desta vez de vez.