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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A(s) cirurgia(s) plástica(s)

lembram-se que sempre disse "não quero passar por duas cirurgias, duas anestesias e duas recuperações"? hoje já não sei muito bem se faria uma dupla cirurgia plástica. provavelmente por ainda não ter passado uma semana e ainda esteja tudo muito fresco. mas vamos por partes...

primeira coisa se forem fazer uma dermolipectomia (a plástica às pernas) o médico vai-vos pedir uma cinta até abaixo dos joelhos. não sejam parvos como eu e vão a uma casa de lingerie comprar uma cinta lisa com pouca compressão. comprem uma cinta médica modeladora tipo isto:
comprei a minha na hospitex. custou cerca de 80 euros. mas só a consegui ter ao terceiro dia de internamento porque julgava que a outra era suficiente.

passando este apontamento... fui internada dia 01 à tarde para ser operada no dia 2 às 10h00. jejum total desde a meia noite. no dia da cirurgia acordei as 06h30. às sete já estavam a distribuir as roupas para o banho pré-cirurgia (se me tivesse lembrado que era o último bom banho que ia tomar em algum tempo tinha aproveitado melhor). de seguida o meu médico chamou-me (já vos tinha dito que era o dr. joaquim bexiga certo?) e deixou o marcador fazer o seu trabalho:



às 09h30 veio o maqueiro e lá desci eu até ao bloco operatório. e começou uma experiência completamente diferente da cirurgia do bypass gástrico.

cheguei ao bloco operatório central e fui recebida por uma equipa inteira com um batalhão de perguntas: alergias, quanto peso tinha perdido, confirmação da cirurgia, do cirurgião etc... puseram-me o catéter e levaram-me para a sala 2. e de repente parecia que tinha entrado numa nave espacial gelada. não fazem ideia o frio que está dentro de uma sala de cirurgia. e depois mais perguntas e explicações do que iria ser a anestesia intravenosa. e de repente senti um ardor na mão e só disse "vou-me apagar".

a operação começou as 10h30 e terminou às 14h45. quatro equipas de volta de mim.

acordei na sala de recobro, com dores nas axilas, às 15:45, às 16:30 e às 17:15. apercebi-me que tinha a cinta vestida e a algália a sair por dentro da cinta. por essa hora já não adormeci de novo e pedi para voltar para a enfermaria. quando me vieram buscar, duas enfermeiras preparam-me e quando tiro um dos lençóis aquecidos que tinha em cima e reparei que estava manchado de sangue.

e começou.

vejo as enfermeiras a olharem para as minhas pernas e a fazerem: "ehhhh pahhh". tinha uma poça de sangue debaixo de mim. tiraram-me a cinta.

nunca esperei ver as minhas pernas tão cedo.

tiraram-me todos os pensos que tinham acabados de ser feitos na cirurgia. tentaram estancar com novos pensos e levaram-me para a enfermeira que estava à minha espera. informaram-na da hemorragia. saí do bloco e logo cá fora tenho os meus pais, o meu namorado e uma amiga minha à minha espera. e bem disposta (sem ter muita noção da gravidade da coisa) digo oláááá e "mãe vou precisar de uma nova cinta que esta está ensopada em sangue. pergunta ao afonso que ele sabe onde comprei esta". e dou-lhe a cinta ensopada.

vieram comigo no elevador. chego ao quarto e tenho logo duas enfermeiras de volta de mim a tirarem de novo os pensos e a biparem os médicos para me observarem. não parava a hemorragia da perna direita. fizeram novos pensos e enrolaram-me as pernas com ligaduras de compressão visto que não tinha cinta. e tudo aquilo me pareceu normal. não fazia ideia se a cicatriz "babava", como referiram, normalmente ou não, portanto assumi que sim.

e deixaram entrar a minha família. não tinha muitas dores e foi uma visita normal. eu a contar tudo excitadíssima.

quando o médico assistente saiu do bloco e me veio observar de novo é que me bateu que se calhar aquela situação não seria muito normal. veio acompanhado com outros dois cirurgiões e mais duas enfermeiras. tiraram-me as ligaduras de compressão e de novo os pensos. pela terceira vez.

pela.
terceira.
vez.

e só vos digo se das outras vezes nem senti muitas dores, porque estava ainda sobre o efeito dos analgésicos, desta vez... mas o pior veio depois. o médico apalpou-me uma e outra perna e percebeu que além de estar com uma hemorragia externa também estava interna porque a perna estava muito rija. solução: abriu-me pontos (sim aqueles feitos horas antes) e espremeu-me a perna para o sangue sair. não fazem ideia das dores. fiquei azul, verde, aos quadrados, em 5d, gritei e disse asneiras.

voltaram-me a fazer novos pensos e novas ligaduras de compressão. se a hemorragia não estancasse teria de voltar ao bloco operatório. tentei dormir.

na manhã seguinte ainda nem oito da manhã eram e já tinha o médico comigo de novo. acompanhado por outros dois médicos. só disse: "deviam estar do meu lado e ver a vossa cara a olhar para a perna". de todo o corpo de cirurgiões plásticos do são josé só um é que não me viu a perna e por consequência a fofinha. fui sangrando cada vez menos e assim me safei de regressar ao bloco. e como nunca fui de vos esconder nada aqui fica o cenário que enfrentava:





domingo sou observada pelo meu cirurgião que foi propositadamente ao hospital para me ver. finalmente dá-me ordem para andar e retirarem a algália (que só saiu na  outra manhã).

no dia seguinte foi dia de pensos. vi pela primeira vez os meus braços e notei logo os músculos. que alegria. mesmo ainda inchados as cicatrizes estão bonitas e tem uma diferença brutal. como me disse o cirurgião: "raramente vi uma coisa tão feia na perna, mas olhe que nunca vi uma cicatriz tão bonita nos braços".

tive alta na terça feira, o que correspondeu a seis dias de internamento. vim para casa dos meus pais com indicações para andar, beber muita água, baixa de 30 dias e uma receita de benuron e nolotil. ainda não tomei nenhum nolotil.

a cada dia sinto, principalmente os braços, a melhorar. mas tudo é feito muito devagarinho. nos próximos posts vou-vos contar acerca da cicatrização e a cinta. a sacana da cinta.


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