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terça-feira, 26 de novembro de 2013

a dieta pastosa

3 semanas depois da dieta liquida passei para a dieta pastosa.

agora, uma semana depois do início, consigo sintetizar melhor as rotinas, as reacções, e os receios.

então o que mudou da liquida para a pastosa? bem... tal qual o nome é tudo reduzido a pasta. deixei de comer de hora a hora para passar a comer de duas em duas horas e 60ml em vez de 30ml. dupliquei a quantidade mas dilatei a frequência.

uma semana depois o que é que posso dizer? que é importante comer devagar. a minha primeira refeição (estava desejosa de mudar) foi metade de um iogurte solido de morango e pela primeira vez fiquei muito mal disposta. cerca de uma hora depois da ingestão, já a caminho do trabalho, comecei com uma sensação de enfartamento e náuseas. pensei que não ia aguentar e não queria vomitar no carro, voltei para casa. deitei-me sossegadinha no sofá e, passado uma hora a coisa resolveu-se pelo bem. o iogurte de morango é o único alimento que noto que me deixa com esta sensação. não sei se foi por ser a primeira refeição e o corpo não estar habituado, se comi depressa demais... o certo é que não voltou a acontecer.

nesta fase além da mudança de frequência de refeições e da quantidade, mudou igualmente o tipo de alimentos que passei a ingerir. na sopa: todo o tipo de legumes verdes (além dos já utilizados na dieta liquida) e ervas aromáticas. nesta altura também é introduzida a carne e o peixe misturados na sopa.

estas duas sopas aqui foram as primeiras que fiz. além da cenoura, cebola, alho, alho francês, meti todos os legumes verdes a que tinha direito (espinafres, bróculos, duas folhas de couve, courgette, couve flor, salsa cebolinho, coentros). a primeira sopa é a que tem carne adicionada, a segunda é a que tem peixe.

 

no final, depois de ter separado tudo em mini tupperwares (para congelar e levar para o trabalho), meti umas folhas de poejo por cima na de peixe e uma folhas de manjericão na de carne para dar sabor. não as comi, obviamente, mas o sabor ficou mesmo bom! faço uma média de 3 sopas por semana. como é tudo passado sem água para ficar com a consistência pastosa uma sopa dura muito menos que durava um creme na dieta liquida. 
ah. importante. eu não meto qualquer tipo de gordura na sopa. sem azeite. 

depois desta sopa que tinha o euromilhões de vitaminas e nutrientes (assim espero) comecei a inventar e a aprimorar. mesmo agora fiz uma sopa de coentros que ficou deliciosa. 

portanto, 1/4 de couve-flor, uns 10cm de alho frances, 1/2 courgette média, 1/2 cebola, 4 dentes de alho, meia embalagem de coentros frescos (só as folhas) deu isto. 



para variar em vez da carne e do peixe, pode ser adicionado um ovo cozido (um por semana), esmagado, e misturado com a sopa que é o que vou fazer  esta de coentros.

mas isto tudo em que é que se traduz? bem... na prática as minhas refeições diárias são assim:
8h00: meio iogurte sólido
10h00: 60ml puré de fruta ou 1 queijo fresco pequeno triturado com uma fatia pequena de manga (que é optimo!!)
12h00: 60ml sopa
14h00: gelatina light
16h00: 60ml fortimel
18h00: meio iogurte
20h00: 60ml sopa
22h00: fruta cozida
24h00: 60ml iogurte liquido (é raro fazer esta refeição porque por esta hora já me apaguei no sofá :))


resumindo: foi óptimo deixar os líquidos. continua a saber-me pela vida comer coisas quentes. é muito mais prático comer só de duas em duas horas. estou perita em sopas.





quinta-feira, 14 de novembro de 2013

a dieta líquida

no dia da alta o nutricionista veio-me dar as indicações de alimentação para as próximas duas semanas.
a dieta líquida.

nesta fase o factor liquido é muito importante. a ideia é o repouso gástrico e a cicatrização, daí a importância de ingerir apenas 30ml por refeição. o estômago tem de se ir habituando a pequenas quantidades de comida e à hidratação providenciada pela água que ingerimos entre-refeições.

então... 30ml de hora a hora. e isso é mais ou menos o quê? é isto:


isto é um copo de café (coisa que é proibida)

e a alimentação afinal consiste no quê? em líquidos passados e coados, não ingerir nada sólido ou pastoso. a alimentação pode variar entre gelatina (o% açucar), sumos de fruta (1 peça de fruta diluída com água), puré de fruta, leite de soja, cremes de legumes, caldos de legumes, caldo peixe, caldo de carne, iogurtes líquidos magros, leite magro ou batidos de fruta (leite ou iogurte com puré de fruta), suplemento hiperproteico (fortimel sem lactose ou resource hiperproteico).

isto quer dizer que passo a vida a comer. desde as 8:00 até às 23:00.

de entre estes alimentos fiz três planos alimentares distintos e tento variar o mais possível para não me cansar. confesso que tenho saudade de mastigar, mas paciência.

algumas dicas e truques.

- ervas aromáticas. meto salsa ou coentros nos caldos de carne. evito meter hortelã porque não gosto de canja e associo sempre carne + hortelã = canja. nos caldos de peixe uso poejos. qualquer erva aromática pode ser usada desde que apenas o sabor no caldo seja aproveitado.



o que mais gosto são os cremes de legumes. sempre gostei de sopa e confesso que quando chega a altura do almoço ou do jantar é um regalo comer qualquer coisa quentinha. este aqui foi feito com 1/2 cenoura, 1/2 cebola, 1/4 alho francês e salsa. sem gordura. assim que tudo cozido, tirei a salsa e aproveitei um pouco do caldo e passei o resto muito bem passadinho e ficou este pitéu: 


- quando saio de casa e coincide com alguma hora de refeição levo comigo garrafinhas com os 30ml do líquido correspondente ao horário. comprei umas garrafinhas de vidro no chinês e pronto. 


é claro que sacar de uma garrafinha miniatura no meio de qualquer espaço público dá direito a uns olhares  ("olhá bêbeda!") mas, mais uma vez, paciência.

além de tudo isto de manhã, a seguir à primeira refeição tomo dois centrum.


comprei esta embalagem de 365 comprimidos na liberty store (a loja americana) por 44,95€. o último sítio onde pensava poder comprar alguma coisa depois de um bypass gástrico.  foi um bela pechincha. mesmo ontem vi uma embalagem de 100 por 40€ na parafarmácia. 

e a última dica. instalei uma app que me permitiu configurar alarmes de hora a hora para não me esquecer de fazer as refeições. o som do alarme é igual ao som de apertar o cinto nos aviões. 

e é isto. apertar o cinto. um furo de cada vez. 


sábado, 9 de novembro de 2013

efeitos secundários

algumas tonturas. principalmente nos primeiros dias mas nada de preocupante ou que não permita andar.

tremor nas mãos. já tinha bastante agora ainda mais. presumo que passe com o tempo.

cansaço físico. muito. o simples acto de levantar os braços para fazer algo cansa.

língua amarela. é feio. mas presumo normal já que ao que parece indica problemas de estômago ou vesícula.

pouca destreza mental. troco as palavras, nomes, tenho dificuldades de memória etc. é o cérebro a habituar-se a pouca alimentação.

diarreia. ainda durante o internamento e durante um dia em casa. segundo os médicos é normal.

obstipação. já na fase em casa. segundo os médicos também é normal. os intestinos ainda se estão a habituar à nova alimentação principalmente na fase da dieta líquida não existe "matéria" suficiente para expelir. se passar muito tempo, (+/- 10 dias) tomar um laxante tipo doce alivio, normacol ou dulcolax. É preferível em bisnaga. Se só existir em comprimido tomar com pequenas quantidades de água.



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

a cirurgia

que mudou a minha vida.

chego ao hospital e dou entrada na unidade de internamento ambulatório onde tenho outra consulta com uma anestesista. tudo normal, vou para o piso de cirurgia, faço o check-in e mandam-me ir almoçar.

e foi aqui que me me caiu a ficha. começou. o almoço era um caldinho de canja e um sumo. (seria igualmente o jantar. jejum a partir da meia noite)



fui para uma sala de espera, passado um tempo vem um enfermeiro chamar-me para me indicar a cama e os procedimentos: vão-me trazer a fatiota para o dia da cirurgia, vão-me meter o cateter já para o dia seguinte, e vão-me trazer um líquido vermelho para usar no banho dessa noite e da manhã seguinte. deram-me ainda lorazepam para ajudar a dormir.


no dia seguinte, sabia que era a segunda cirurgia da manhã, já toda equipada e de banho tomado tomei mais dois comprimidos pré-anestésicos e esperei. quando ouço "cama 12 para o bloco" o meu coração deu um pulo e respirei fundo. entrei no bloco às 11:45. 


a descida foi engraçada. levam-me na minha cama para uma sala que me pareceu um talho. tudo de alumínio e uma grande janela onde encostaram a cama e por onde espreitava uma senhora do outro lado. um género de uma passadeira rola para baixo do meu corpo e leva-me para o interior do bloco. mais um pouco na sala pré-anestésica e quando entro na sala de operações e passo para a marquesa, toda a gente me cumprimenta e mete-se comigo. uma enfermeira começa a cantar uma música, que detesto e que uma amiga minha costuma cantar quando me quer irritar. menciono esse facto. cantamos todos. olho para cima e diz-me o anestesista: conte até 150. e eu: 150?! apaguei.

acordo no recobro e a primeira coisa que digo para as duas pessoas que estão à volta da minha cama é: "dói-me o estômago" a segunda foi: tenho xixi (estava algaliada).  lembro-me de alguém perguntar as horas e dizerem que eram 16h30. tinha frio. alguém me trouxe uns lençóis azuis aquecidos e adormeci. acordei com a dor e cheia de calor, apercebi-me que tinha os dedos indicador e polegar dormentes. voltei para o quarto às 19h30 cheia de dores e de calor. não conseguia parar quieta, era como se me tivessem a dar facadas no estômago. a minha mãe abanava-me com o leque e eu agarrava-me ao meu pai enquanto me contorcia com dores. nessa noite chamei as enfermeiras ao quarto quatro vezes para me darem algo para aliviar. dormi uma hora. 

o dia seguinte foi menos doloroso. tiraram-me a algália, as meias de descanso e dei os primeiros passos. levantar a cabeça da cama e meter-me em pé deixou-me bastante tonta, mas adoptei a velocidade de caracol desde essa altura. tive a ajuda de uma auxiliar para conseguir tomar banho e nessa altura vi as minhas cicatrizes pela primeira vez. a mais pequena abaixo da linha do soutien, outra do lado direito, outra do lado esquerdo e outra ao lado do umbigo. 



tinha ainda um dreno a sair da barriga. e esta foi a coisa que mais me incomodou. nesse dia tive a confirmação que além do bypass, a minha vesícula também tinha sido retirada. (yei!)

com as dores a melhorarem no quarto dia de internamento deixei de pedir medicamentos. só estava a soro. é incrível como não tinha fome, não me sentia tonta e já passeava pelo corredor.  


entretanto já tinha começado a minha saga com os cateteres. picada sete vezes. as minhas veias não aguentam nada. o último durou seis horas. a vantagem foi que me tiraram o soro meio dia antes do esperado. era isso ou meterem-me um cateter no pescoço. 

no quinto dia comecei a ingerir líquidos. deram-me uma seringa e de hora a hora bebia 30ml de chá. nunca um chá me soube tão bem. 


chegou o dia da alta. estava super excitada. lá vieram os médicos, ainda estava a drenar bastante (200ml) e sendo que até começou a drenar mais quando comecei a ingerir liquidos. mas o médico achou que devido à minha altura e ao meu peso era o suficiente para me dar alta e weeeeeeee!! depois foi a retirada do dreno. custou imenso. doeu imenso. a sensação era como se alguém me estivesse a puxar os intestinos  para fora do corpo.


resumindo: não custou passar cinco dias a soro, não tive sede, tive muito mais dores do que aquilo que estava à espera. 

p.s. se alguém tiver a ler isto antes de ser internado, um conselho de amiga. levem música e phones. ajuda muito a dormir à noite.