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domingo, 29 de dezembro de 2013

o estômago é que manda

e é mesmo assim. vá-se lá saber porquê, deixou de tolerar os iogurtes magros da danone. no inicio pensei que fossem só os de morango, mas há cerca de uma semana atrás comi um de pêssego e passado uns 15 minutos comecei a ficar mal disposta e só acabou com uma corrida para a casa de banho a vomitar o que tinha acabado de comer.

com os iogurtes magros da mimosa, tudo bem. morango, coco, tudo ok. danone. nope.

o estômago quer o estômago manda.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

a dieta mole tipo I

este post já era devido há algum tempo...

comecei a dieta mole tipo I dia 12 de Dezembro e que alegria! finalmente próxima da normalidade. já como coisas com aspecto "regular" e o meu prato até fica bonitinho!

[por falar em prato... o tamanho é o do pires de uma chávena de chá.]

duas semanas passadas desta dieta o meu balanço é positivo. como disse noutro post voltei a comer de faca e garfo [yei!] e os meus colegas do trabalho já não olham para a minha comida e torcem o nariz.  pelo contrário, agora perguntam: "vais comer isso tudo?" e muitas vezes não consigo. aprendi a perceber o limite [à custa de um episódio de dumping por comer depressa] e mais uma vez [não me canso de o escrever] a mastigar tudo muuuuuuiiiito bem.

o que ainda me custa é fazer refeições com a duração de 30 a 45 minutos. e isso é tão ou mais importante que mastigar bem. e mesmo quando consigo demorar esses 30 minutos, fico cheia... nada que um passeio não ajude.


então vamos lá a coisas práticas. como é a minha alimentação?

[09h00]: uma tosta ou 1/4 de pão de mistura ou integral + creme vegetal para barrar ou fatia de fiambre de perú
[11h00]: 1/2 iogurte magro ou 80 ml de sumo light
[13h00]: 60g de carne ou peixe bem desfiados, picados ou moídos. acompanhado com legumes bem cozidos ou salteados.
[15h00]: 1 fruta assada ou cozida ou gelatina
[17h00]: 60ml de chá de ervas e 1 tosta com creme vegetal para barrar ou 1 quijo fresco pequeno magro.
[20h00]: 80ml de sopa de legumes [com carne ou peixe adicionados] ou 60g de carne ou peixe com legumes
[21h00]: 1 peça fruta cozida ou assada
[23h00]: leite ou iogurte

tudo isto traduz-se nisto.






pequeno almoço  e almoços



jantares


já percebi que o meu corpo reage à alteração de alimentação parando de perder peso. passado duas semanas, regressa à perda. neste momento já perdi mais 3 kilos. 

mas... e o natal? como foi? esse post já está no forno. sem gordura. 




terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ritmo

provavelmente esta é a coisa mais difícil de alterar.

quando estamos habituados a vida inteira a um determinado ritmo e de um dia para o outro temos de o alterar... nem sempre corre bem. 

isto para dizer o quê? que pela primeira vez vomitei. e não foi por ter comido muito, foi por ter comido muito depressa. 

estava, como de costume, a fazer imensas coisas ao mesmo tempo. a fazer o almoço, a arranjar legumes para pickles, a descascar fruta para cozer, a arrumar a cozinha... etc. 

o almoço ficou pronto e eu, inconscientemente, continuei no mesmo ritmo em que estava. mastiguei bem a carne (lembro-me sempre disso) mas foi depressa demais e fiquei entupida. 

a juntar-se a isto é preciso ainda um cuidado redobrado visto que um estômago submetido a um bypass gástrico demora mais que o normal a fazer passar a mensagem ao cérebro de que está enfartado.

agora sei exactamente o que é o síndrome de dumping. 

dores abdominais, má disposição, suores frios... a última coisa que queria era vomitar e por isso resolvi andar pela casa a ver se a coisa se dava. pareceu resultar até ao momento em que o corpo se começou a preparar para o vómito e eu comecei a salivar. 

ora para onde é que vai a saliva não é? para um canal digestivo já por si entupido. não resultou bem e pronto. 

todo este processo demorou uma agonizante meia hora. foram as cinco "garfadas" de comida mais dolorosas de sempre. 

o que é que aprendi? a alterar o ritmo. sempre. não é só o estômago e os alimentos que ingiro que mudam. o ritmo a que faço as coisas também. 

ainda no hospital dizia que fazia tudo a passo de caracol. com a recuperação física é claro que isso foi sendo alterado e passei, muitas vezes, ao modo barata tonta que faz 5 coisas ao mesmo tempo. na. nah. ni. na. não. o modo barata tonta pode funcionar para tudo menos para a comida. 

tem de ser quase um ritual sagrado. é aquele momento em que desacelero e esqueço o resto. 

isso ou meia hora de agonia. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

um passo mais perto da normalidade

já como de faca e garfo! 
comecei hoje a dieta mole I. daqui a uns dias meto mais informação. mas só o facto de comer de faca e garfo... até me sinto uma mulherzinha :) 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Um mês!

passou um mês! e neste mês o meu balanço são 12 kilos a menos! 

na verdade esperava que fosse mais, principalmente porque na última semana só perdi um kilo, mas... são 12 kilos!! nunca na minha vida tinha perdido 12 kilos num mês! 

e como me sinto? muito bem! depois desta semana o meu cirurgião ter confirmado que está tudo bem recebi o ok para começar a fazer exercício físico e ontem comecei a fazer natação. o meu plano é a natação durante um mês (visto que ainda me canso com bastante facilidade) e daqui a um mês sim ginásio. 

além disto sabe muito bem ouvir dizer: "estás mais magra" ou "já se nota". 

espero que daqui a um mês possa dizer que já perdi mais x kilos. 

o mais importante é... estou mais magra 12 kilos! 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

a dieta pastosa

3 semanas depois da dieta liquida passei para a dieta pastosa.

agora, uma semana depois do início, consigo sintetizar melhor as rotinas, as reacções, e os receios.

então o que mudou da liquida para a pastosa? bem... tal qual o nome é tudo reduzido a pasta. deixei de comer de hora a hora para passar a comer de duas em duas horas e 60ml em vez de 30ml. dupliquei a quantidade mas dilatei a frequência.

uma semana depois o que é que posso dizer? que é importante comer devagar. a minha primeira refeição (estava desejosa de mudar) foi metade de um iogurte solido de morango e pela primeira vez fiquei muito mal disposta. cerca de uma hora depois da ingestão, já a caminho do trabalho, comecei com uma sensação de enfartamento e náuseas. pensei que não ia aguentar e não queria vomitar no carro, voltei para casa. deitei-me sossegadinha no sofá e, passado uma hora a coisa resolveu-se pelo bem. o iogurte de morango é o único alimento que noto que me deixa com esta sensação. não sei se foi por ser a primeira refeição e o corpo não estar habituado, se comi depressa demais... o certo é que não voltou a acontecer.

nesta fase além da mudança de frequência de refeições e da quantidade, mudou igualmente o tipo de alimentos que passei a ingerir. na sopa: todo o tipo de legumes verdes (além dos já utilizados na dieta liquida) e ervas aromáticas. nesta altura também é introduzida a carne e o peixe misturados na sopa.

estas duas sopas aqui foram as primeiras que fiz. além da cenoura, cebola, alho, alho francês, meti todos os legumes verdes a que tinha direito (espinafres, bróculos, duas folhas de couve, courgette, couve flor, salsa cebolinho, coentros). a primeira sopa é a que tem carne adicionada, a segunda é a que tem peixe.

 

no final, depois de ter separado tudo em mini tupperwares (para congelar e levar para o trabalho), meti umas folhas de poejo por cima na de peixe e uma folhas de manjericão na de carne para dar sabor. não as comi, obviamente, mas o sabor ficou mesmo bom! faço uma média de 3 sopas por semana. como é tudo passado sem água para ficar com a consistência pastosa uma sopa dura muito menos que durava um creme na dieta liquida. 
ah. importante. eu não meto qualquer tipo de gordura na sopa. sem azeite. 

depois desta sopa que tinha o euromilhões de vitaminas e nutrientes (assim espero) comecei a inventar e a aprimorar. mesmo agora fiz uma sopa de coentros que ficou deliciosa. 

portanto, 1/4 de couve-flor, uns 10cm de alho frances, 1/2 courgette média, 1/2 cebola, 4 dentes de alho, meia embalagem de coentros frescos (só as folhas) deu isto. 



para variar em vez da carne e do peixe, pode ser adicionado um ovo cozido (um por semana), esmagado, e misturado com a sopa que é o que vou fazer  esta de coentros.

mas isto tudo em que é que se traduz? bem... na prática as minhas refeições diárias são assim:
8h00: meio iogurte sólido
10h00: 60ml puré de fruta ou 1 queijo fresco pequeno triturado com uma fatia pequena de manga (que é optimo!!)
12h00: 60ml sopa
14h00: gelatina light
16h00: 60ml fortimel
18h00: meio iogurte
20h00: 60ml sopa
22h00: fruta cozida
24h00: 60ml iogurte liquido (é raro fazer esta refeição porque por esta hora já me apaguei no sofá :))


resumindo: foi óptimo deixar os líquidos. continua a saber-me pela vida comer coisas quentes. é muito mais prático comer só de duas em duas horas. estou perita em sopas.





quinta-feira, 14 de novembro de 2013

a dieta líquida

no dia da alta o nutricionista veio-me dar as indicações de alimentação para as próximas duas semanas.
a dieta líquida.

nesta fase o factor liquido é muito importante. a ideia é o repouso gástrico e a cicatrização, daí a importância de ingerir apenas 30ml por refeição. o estômago tem de se ir habituando a pequenas quantidades de comida e à hidratação providenciada pela água que ingerimos entre-refeições.

então... 30ml de hora a hora. e isso é mais ou menos o quê? é isto:


isto é um copo de café (coisa que é proibida)

e a alimentação afinal consiste no quê? em líquidos passados e coados, não ingerir nada sólido ou pastoso. a alimentação pode variar entre gelatina (o% açucar), sumos de fruta (1 peça de fruta diluída com água), puré de fruta, leite de soja, cremes de legumes, caldos de legumes, caldo peixe, caldo de carne, iogurtes líquidos magros, leite magro ou batidos de fruta (leite ou iogurte com puré de fruta), suplemento hiperproteico (fortimel sem lactose ou resource hiperproteico).

isto quer dizer que passo a vida a comer. desde as 8:00 até às 23:00.

de entre estes alimentos fiz três planos alimentares distintos e tento variar o mais possível para não me cansar. confesso que tenho saudade de mastigar, mas paciência.

algumas dicas e truques.

- ervas aromáticas. meto salsa ou coentros nos caldos de carne. evito meter hortelã porque não gosto de canja e associo sempre carne + hortelã = canja. nos caldos de peixe uso poejos. qualquer erva aromática pode ser usada desde que apenas o sabor no caldo seja aproveitado.



o que mais gosto são os cremes de legumes. sempre gostei de sopa e confesso que quando chega a altura do almoço ou do jantar é um regalo comer qualquer coisa quentinha. este aqui foi feito com 1/2 cenoura, 1/2 cebola, 1/4 alho francês e salsa. sem gordura. assim que tudo cozido, tirei a salsa e aproveitei um pouco do caldo e passei o resto muito bem passadinho e ficou este pitéu: 


- quando saio de casa e coincide com alguma hora de refeição levo comigo garrafinhas com os 30ml do líquido correspondente ao horário. comprei umas garrafinhas de vidro no chinês e pronto. 


é claro que sacar de uma garrafinha miniatura no meio de qualquer espaço público dá direito a uns olhares  ("olhá bêbeda!") mas, mais uma vez, paciência.

além de tudo isto de manhã, a seguir à primeira refeição tomo dois centrum.


comprei esta embalagem de 365 comprimidos na liberty store (a loja americana) por 44,95€. o último sítio onde pensava poder comprar alguma coisa depois de um bypass gástrico.  foi um bela pechincha. mesmo ontem vi uma embalagem de 100 por 40€ na parafarmácia. 

e a última dica. instalei uma app que me permitiu configurar alarmes de hora a hora para não me esquecer de fazer as refeições. o som do alarme é igual ao som de apertar o cinto nos aviões. 

e é isto. apertar o cinto. um furo de cada vez. 


sábado, 9 de novembro de 2013

efeitos secundários

algumas tonturas. principalmente nos primeiros dias mas nada de preocupante ou que não permita andar.

tremor nas mãos. já tinha bastante agora ainda mais. presumo que passe com o tempo.

cansaço físico. muito. o simples acto de levantar os braços para fazer algo cansa.

língua amarela. é feio. mas presumo normal já que ao que parece indica problemas de estômago ou vesícula.

pouca destreza mental. troco as palavras, nomes, tenho dificuldades de memória etc. é o cérebro a habituar-se a pouca alimentação.

diarreia. ainda durante o internamento e durante um dia em casa. segundo os médicos é normal.

obstipação. já na fase em casa. segundo os médicos também é normal. os intestinos ainda se estão a habituar à nova alimentação principalmente na fase da dieta líquida não existe "matéria" suficiente para expelir. se passar muito tempo, (+/- 10 dias) tomar um laxante tipo doce alivio, normacol ou dulcolax. É preferível em bisnaga. Se só existir em comprimido tomar com pequenas quantidades de água.



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

a cirurgia

que mudou a minha vida.

chego ao hospital e dou entrada na unidade de internamento ambulatório onde tenho outra consulta com uma anestesista. tudo normal, vou para o piso de cirurgia, faço o check-in e mandam-me ir almoçar.

e foi aqui que me me caiu a ficha. começou. o almoço era um caldinho de canja e um sumo. (seria igualmente o jantar. jejum a partir da meia noite)



fui para uma sala de espera, passado um tempo vem um enfermeiro chamar-me para me indicar a cama e os procedimentos: vão-me trazer a fatiota para o dia da cirurgia, vão-me meter o cateter já para o dia seguinte, e vão-me trazer um líquido vermelho para usar no banho dessa noite e da manhã seguinte. deram-me ainda lorazepam para ajudar a dormir.


no dia seguinte, sabia que era a segunda cirurgia da manhã, já toda equipada e de banho tomado tomei mais dois comprimidos pré-anestésicos e esperei. quando ouço "cama 12 para o bloco" o meu coração deu um pulo e respirei fundo. entrei no bloco às 11:45. 


a descida foi engraçada. levam-me na minha cama para uma sala que me pareceu um talho. tudo de alumínio e uma grande janela onde encostaram a cama e por onde espreitava uma senhora do outro lado. um género de uma passadeira rola para baixo do meu corpo e leva-me para o interior do bloco. mais um pouco na sala pré-anestésica e quando entro na sala de operações e passo para a marquesa, toda a gente me cumprimenta e mete-se comigo. uma enfermeira começa a cantar uma música, que detesto e que uma amiga minha costuma cantar quando me quer irritar. menciono esse facto. cantamos todos. olho para cima e diz-me o anestesista: conte até 150. e eu: 150?! apaguei.

acordo no recobro e a primeira coisa que digo para as duas pessoas que estão à volta da minha cama é: "dói-me o estômago" a segunda foi: tenho xixi (estava algaliada).  lembro-me de alguém perguntar as horas e dizerem que eram 16h30. tinha frio. alguém me trouxe uns lençóis azuis aquecidos e adormeci. acordei com a dor e cheia de calor, apercebi-me que tinha os dedos indicador e polegar dormentes. voltei para o quarto às 19h30 cheia de dores e de calor. não conseguia parar quieta, era como se me tivessem a dar facadas no estômago. a minha mãe abanava-me com o leque e eu agarrava-me ao meu pai enquanto me contorcia com dores. nessa noite chamei as enfermeiras ao quarto quatro vezes para me darem algo para aliviar. dormi uma hora. 

o dia seguinte foi menos doloroso. tiraram-me a algália, as meias de descanso e dei os primeiros passos. levantar a cabeça da cama e meter-me em pé deixou-me bastante tonta, mas adoptei a velocidade de caracol desde essa altura. tive a ajuda de uma auxiliar para conseguir tomar banho e nessa altura vi as minhas cicatrizes pela primeira vez. a mais pequena abaixo da linha do soutien, outra do lado direito, outra do lado esquerdo e outra ao lado do umbigo. 



tinha ainda um dreno a sair da barriga. e esta foi a coisa que mais me incomodou. nesse dia tive a confirmação que além do bypass, a minha vesícula também tinha sido retirada. (yei!)

com as dores a melhorarem no quarto dia de internamento deixei de pedir medicamentos. só estava a soro. é incrível como não tinha fome, não me sentia tonta e já passeava pelo corredor.  


entretanto já tinha começado a minha saga com os cateteres. picada sete vezes. as minhas veias não aguentam nada. o último durou seis horas. a vantagem foi que me tiraram o soro meio dia antes do esperado. era isso ou meterem-me um cateter no pescoço. 

no quinto dia comecei a ingerir líquidos. deram-me uma seringa e de hora a hora bebia 30ml de chá. nunca um chá me soube tão bem. 


chegou o dia da alta. estava super excitada. lá vieram os médicos, ainda estava a drenar bastante (200ml) e sendo que até começou a drenar mais quando comecei a ingerir liquidos. mas o médico achou que devido à minha altura e ao meu peso era o suficiente para me dar alta e weeeeeeee!! depois foi a retirada do dreno. custou imenso. doeu imenso. a sensação era como se alguém me estivesse a puxar os intestinos  para fora do corpo.


resumindo: não custou passar cinco dias a soro, não tive sede, tive muito mais dores do que aquilo que estava à espera. 

p.s. se alguém tiver a ler isto antes de ser internado, um conselho de amiga. levem música e phones. ajuda muito a dormir à noite. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

t-34 horas

pronto. já está a ansiedade instalada. que coisa...

e consigo dizer perfeitamente quando se instalou. no tal almoço domingueiro. acabou por ser almoço com a família alargada. primos e tios. até parecia que alguém fazia anos.

brindar à minha cirurgia e que daqui a um ano já tivesse menos trinta kilos. e lá vieram as expectativas a cumprir.

mas o que me deixou mesmo ansiosa foi toda a gente a despedir-se da comida e simultaneamente a despedirem-se de mim.

senti-me uma emigrante que parte para o país das dietas. não sei quantas vezes ouvi: "boa sorte! depois cá nos encontramos!"

todas as despedidas me lembraram da morte. eu sei que vai correr tudo bem, mas, embora o risco de morte seja muito baixo, ele está lá. e a emigrante passou a ter medo de voar. mas agora já comprei o bilhete e não pode ser devolvido. nem quero.

só espero que quando estiver no aeroporto me dêem muita droga para dormir e um saquinho para respirar.





sábado, 26 de outubro de 2013

preparativos

ora bem. já ando a arrumar as coisas para levar e a tratar de tudo para não deixar pontas soltas.

no trabalho fiz uma to-do list do que tenho mesmo de deixar feito até ao internamento.

pessoalmente hoje foi o dia de tratar de mim. fiz a depilação, arranjei as unhas (tirei o verniz todo já que mo iriam fazer no hospital) comecei a arranjar o necessaire para levar e a pensar na roupa. então esta é a minha lista até agora:
- exames médicos que fiz externamente
- identificação
- 2 camisas de noite (que me sugeriram em vez de pijama)
- pensos e tampões (devo estar menstruada na altura)
- cremes de corpo, cara, champôs e cremes de um tratamento capilar que estou a fazer (já a preparar-me para a queda)
- roll-on
- cuecas (tinha planeado levar cuecas descartáveis mas a senhora na caixa do jumbo garantiu-me que aquelas eram uma valente porcaria e pela experiência dela mais valia levar cuecas normais)
- chinelos de quarto e chinelos de banho
- robe
- uma fita pro cabelo
- telemóvel, carregador e um portátil (espero que o Curry Cabral tenha wifi)
- um moleskine

desde que me ligaram, fora a excitação inicial, ando estranhamente calma. acho que os meus amigos estão mais nervosos que eu. um deles andou a pesquisar tudo no google e até a ver vídeos da cirurgia.

a minha mãe igualmente nervosa reza todos os dias. o meu pai pergunta-me o que quero para o almoço de domingo (a tradicional excursão domingueira dos filhos a casa dos pais) como se fosse a ultima vez que vou comer na vida. tudo isto é engraçado. e é reconfortante ver a preocupação daqueles que nos rodeiam.

já eu quando penso na cirurgia só penso se vou conseguir tomar banho sozinha, no não poder beber água, no acordar da anestesia e em conjugar as visitas dos meus pais e do meu namorado (que não se dão).

não tenho medo da cirurgia. ou pelo menos não agora. talvez no dia. ou não. sei lá. isto é tudo novo para mim.

como vai ser nova a minha vida.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

fumo branco!

já tenho data!

como prometido ligaram-me uma semana antes a avisar.

31 de Outubro. sou internada dia 30. 11h30 da manhã no ambulatório com exames, medicamentos (que já não tomo porque acabaram) e documentos de identificação.

tenho de levar ainda 2 camisas de dormir, chinelos de quarto e de banho, os produtos de higiene pessoal, e roupinha.

tou no excitex! é daqui a uma semana!


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

não é insegurança. é a realidade.

acabei de ser gozada na rua por uma grandessíssima filha da puta (é mesmo assim) por não ser elegante ao apanhar um papel que tinha deixado cair no chão.

eu até me dobro bem, mas não estava a conseguir apanhar o papel e tive de me baixar várias vezes.

é claro que não sou elegante ao fazê-lo. é claro que o meu rabo grande apontou para a lua.

sinto-me tão humilhada...

terça-feira, 17 de setembro de 2013

dizer ou não dizer? eis a questão.

nunca quis manter em segredo entre a minha família, os meus amigos e mesmo no trabalho, o facto que vou fazer um bypass gástrico.

não vi necessidade, nem nenhuma vantagem, nisso. não o sinto como vergonha nem como estigma social. não me parece que o meu círculo de amizades o veja como "ela é gorda tão gorda que só lá vai com cirurgia".

sinto-o como o xeque-mate na minha luta contra a obesidade. agora sinto isso. já senti que a cirurgia era a última opção o que significava que tudo o resto tinha falhado. sim. também é verdade. mas significa que quero ganhar este jogo. que quero viver uma vida diferente. que quero conseguir acompanhar os meus amigos numa corrida para apanhar o comboio e não me ficar a doer o calcanhar durante uma semana. que quero fazer uma viagem sem me preocupar com o tornozelo por causa do peso. não quero ser expert em mezinhas e pomadas para tratar lesões musculares.

por isso, e muito mais, não me importo nada de dizer que vou fazer um bypass gástrico. não o anuncio, nem meto editais, mas se me perguntarem "então e tu? novidades?"

para mim é admitir que quero mudar. e isso mete qualquer estigma social a um canto.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

quando o telefone toca (parte II)

"tou? 

boa tarde. é a senhora...


sim. a própria. 


o meu nome é... estou a falar (do hospital?!?!?!?!?!) da FNAC."


mas que coisa! que vontade dizer asneiras feias e más! nunca mais me ligam do sítio certo... o meu coração de passarinho não aguenta. 


juro que até fiquei com suores frios.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

em suspenso

é como me sinto.

tudo em suspenso. não consigo marcar nada com uma antecedência de uma semana ou mais. principalmente quando envolve comida!

jantares com amigos... suspenso (olha... se puder vou lá ter!)

casamento de um primo... suspenso (pois não sei. em principio sim, mas posso não ir... e se for posso não comer!)

fotografar a um sitio qualquer?... suspenso (pois... podemos tentar ir, mas se calhar não)

marcar uma reunião de trabalho? suspenso... (em principio sim, mas...)

g'sus! nunca a expressão viver um dia de cada vez se aplicou tão bem! ou faço planos para o dia ou para daqui a seis meses. nada no meio prazo.



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

quando o telefone toca...

tou?

sim...

estou a falar com a senhora ...

sim é a própria.
[<3 --^----^----^-^-^-^-^-^----^- <3]

estou a falar do... [hospital?!?!??] concessionário citroen
[<3 ________________ <3]

morri...

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

consulta de anestesia

a última fase chegou.

não soube de nada acerca da data da cirurgia. nem quem será a minha/o meu anestesista.

a médica tomou nota na minha avaliação anestésica de todos os resultados dos exames (levei tudo), do meu peso e da medicação que faço. e basicamente só me disse para aguardar.

alguém me vai ligar uma semana antes da cirurgia a dar-me a data de internamento e os procedimentos.

sei só que na noite antes do bypass dão-me uns calmantes para descansar e na manhã seguinte o mesmo.

agora é só aguardar que o telefone toque.

e sem engordar.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

razão #3


sobre medos e expectativas

que me assolam várias vezes.

tenho amigos que me dizem: "depois não vires uma pirosa" ou "há pessoas que se passam" ou ainda "os efeitos da anestesia são lixados". sei que eles gostam de mim como sou mas... é claro que vou ser mais pirosa.

passado algum tempo vou conseguir comprar umas calças na zara ou na zona "normal" da h&m? pirosa em excesso? não me parece. nunca o fui.

sou gorda, mas sempre fui vaidosa. trendy e até meio hipster. WTF?! porque carga de água é que deixaria que o meu peso condicionasse (mais do que o inevitável) a minha forma de ser? tentei combater sempre isso da melhor forma que sabia.

e, no entanto, ouvi tantas vezes: "ahhh tens uma cara tão gira... se fosses mais magra..." mesmo hoje ao almoço: "se fosses mais magra eras modelo". pois...

não me esqueço de um episódio em que uma senhora (essa sim cheia de peneiras e não muito senhora afinal) dona de uma loja de roupa, devia ter eu uns 12 anos, disse: "tens de emagrecer. senão os rapazes não gostam de ti." eu prontamente respondi: "eu não quero que gostem de mim pelo que pareço, mas pelo que sou". e pensei que tivesse ficado por ali mas a 'wanna be lady' fez questão de matar as ilusões de uma criança: "ninguém vai gostar da tua barriga".
way to go bitch! a ervilha que tens na cabeça não consegue ver além do preconceito? foi tão longe que marcou essa frase na memória de uma mulher feita.

mas esta é a minha parte forte a falar.

a minha parte fraca pensa coisas como:

será que para o ano não vou ter vergonha de ir à praia?
(coisa que tenho, mas que mando para trás das costas fingindo que não vejo olhares reprovadores)

será que para o ano não vou ter pernas ainda mais de gelatina? e braços com asas de morcego? a barriga escondo com o fato de banho, mas e o resto? só se comprar um fato de surfista. sim porque já não devo parecer uma morcela lá dentro. ou um escafandro.

como será que o meu namorado vai lidar com o novo eu? com a pele extra, mas com menos de mim? depois penso: ele não gosta de mim por ser gorda. gosta de mim por mim.

quando é que vou deixar de retocar as minhas fotos no photoshop? quando é que vou deixar de me esconder voluntariamente atrás de alguém numa fotografia de grupo com a desculpa que sou alta e fico lá atrás para não tapar ninguém? quando é que os meus amigos vão deixar de ter razão em dizer que sou a pide da foto?

e o medo de voltar a engordar? ...

pensamentos e inseguranças típicas de adolescente que estão deslocadas nos aniversários.

inseguranças que me assolam todos os dias. e todos os dias penso: pode demorar, mas pior não vais ficar.



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

consulta com o cirurgião #2

ok para cirurgia! yei!

os resultados dos exames foram todos regulares, à excepção da vesícula e, assim sendo, já tenho até a consulta de anestesia marcada.

falei com o cirurgião sobre retirar a vesícula aquando do bypass e ele tomou nota, mas avisou-me logo que se o acesso à vesícula não estiver facilitado prefere não arriscar.

e porquê? porque um bypass gástrico, hoje em dia já é considerada uma operação simples, bem como a remoção de vesícula, mas as duas combinadas significam hora e meia a mais na mesa de operações e, como tal, anestesia mais forte podendo complicar duas cirurgias que são acessíveis quando realizadas em separado.

ok! o que vier vem por bem. eu também não me dói a vesícula mesmo... portanto posso esperar. sim é chato poder ser em duas cirurgias, mas como dizem depressa e bem não faz ninguém e gatas apressadas parem os filhos cegos.

em relação às datas, em agosto não vai ser. férias. mas a partir de setembro posso ser chamada a qualquer altura. (parece que estou à espera que me rebentem as águas ou algo que o valha!) o mais tardar será na segunda semana de outubro.

o que me fez indagar acerca da minha posição na lista de espera que consulto no portal do utente... explicou-me o cirurgião que aquela posição não é real porque leva em conta pessoas com o ok para cirurgia, como eu nesta altura, e também pessoas que ainda estão na fase de realização de exames pré-cirúrgicos. como eu estava. e como são mais na fase de exames, na verdade, o tempo de espera é bem menor.

o próximo passo é a consulta de anestesia. depois daí não posso engordar nem uma grama correndo o risco de se tal acontecer, o processo voltar todo ao início e provavelmente só ter cirurgia para daí a um ano.

a anestesia é calculada consoante o peso do doente e como tal, se o peso no dia da cirurgia for maior, volta tudo à estaca zero.




terça-feira, 16 de julho de 2013

exame pré - cirurgia #4

sim. tenho os posts atrasados. sorry...

a ecografia abdominal e a radiografia torácica.

radiografia não tem nada demais. como qualquer outra.

a ecografia abdominal também não é nada demais.

primeiro espalhar aquele gel peganhento na barriga toda... (blargh!) e depois deitar de costas, virar para o lado direito e depois para o esquerdo. respirar fundo varias vezes pelo meio do processo e pronto. está feito.

a parte chata é que a médica disse-me que tenho várias pedras na vesícula. ou seja, mais tarde ou mais cedo vou ter de tirar a vesícula.

já agora aproveitava e fazia tudo de uma só vez. os métodos cirúrgicos são os mesmos. assim era só uma cirurgia, só uma anestesia e só uma recuperação. só vantagens.

na próxima consulta com o cirurgião pergunto-lhe se não pode ser uma operação promoção. paga um leva dois. por aí.

[custo dos exames: 4€]

Exame pré - cirurgia #3

A endoscopia.

não vou mentir. é o pior exame que fiz até hoje. horroroso.

a preparação é 10 horas de jejum total. total significa nem água se pode beber. logo comigo que bebo uns três litros de água por dia...

lá fui eu ter ao hospital à hora indicada para ficar à espera mais uma hora.

chega a minha vez e aviso logo: olhe que nunca fiz isto na vida. resposta pronta da enfermeira: há uma primeira vez para tudo na vida (really?!).

mandaram-me deitar sobre o lado esquerdo com uma espécie de fralda debaixo da cara (mal eu sabia como aquela coisa me iria dar jeito), meteram-me um tubo na boca e lá veio a médica.

gel anestésico na ponta da sonda e toca a enfiar aquela coisa garganta abaixo. como à primeira não acertou, retirou a sonda (sendo que o gel anestésico foi todo ao ar) e toca de enfiar a sonda de novo.

e a partir daqui o que posso dizer é: vómitos. passei o tempo inteiro a vomitar saliva, a arrotar (visto que a sonda abre caminho expelido ar) e a dar coices impelida pelos espasmos para vomitar.

recapitulando: uma médica e dois enfermeiros a segurarem-me enquanto eu dava pinotes e me diziam para respirar. a última coisa que me lembrava era de respirar. ainda por cima já com as narinas entupidas de chorar, respirava por onde?

ao fim de uns 3 minutos lá acabou a tortura, e lá me limpei à tal fralda que estava cheia de saliva. que visão ah?

saí da sala e enquanto esperava pelo resultado do exame lá vem o enfermeiro dizer-me que só podia comer ou BEBER daí a meia hora... perfeito.

fiquei sem voz por uma meia hora e ficou a doer-me a garganta até ao outro dia sendo que desesperada por chegar rápido ao trabalho e beber água passei um traço continuo e fui mandada parar pela polícia para me passarem uma multa. e ainda posso ficar sem carta por dois meses... pffff...

no final de contas o mais importante é que não tenho nada no estômago. normal sem sinal de lesões.

excepto esta que ficou agora na minha memória. geeezzzz...

Ps. 12,5€.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Exame pré-cirurgia #2

Ah! Tinha eu medo da prova de função respiratória... Que estupidez! Confundi com prova de esforço. Não tem nada a ver!

Prova de função respiratória foi assoprar três vezes para dentro de um tubo largo ligado a uma maquina.

Primeiro enchi os pulmões até ao máximo que consegui e depois mais três vezes inspirar e expirar rapidamente.

Não custa n-a-d-a! A não ser a taxa moderadora de 12,25€. :)

Resultado. Os meus pulmões também estão bons. Tenho uma boa capacidade respiratória. Sendo que eu fumo desde os 17 anos... Não está nada mau. :)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

exame pré-cirurgia #1

tem um nome pomposo: ecografia torácica bidimensional.

na prática é uma ecografia ao coração. que no curry cabral só tinha vaga para a fazer em outubro. já agora para depois da cirurgia não? valeu-me o seguro de saúde e lá fui eu pro hospital da luz fazer o exame.

tal qual uma ecografia normal, e com o bónus de ouvir o meu coração bater, sai com o resultado. o meu coração é espectacular. melhor do que espectacular... é normal! :)

17€ depois saí de lá com a primeira etapa dos exames concluída e aliviada.

para a próxima semana, a prova de função respiratória.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

O cirurgião

Lá fui eu toda nervosinha para a consulta. Como se isso não bastasse ainda demorou uma hora e meia até ser chamada... Pelo que me disseram "o doutor costuma levar bastante tempo com os doentes"...

E pelos vistos leva. Deve ser provavelmente o médico mais calmo que já vi na vida. Até a escrever no computador. Não é daquelas pessoas que escreve devagar porque anda à procura das teclas, escreve devagar porque é mesmo assim. Tudo leva o seu tempo.

E isso sossegou-me para a cirurgia.

Por falar em cirurgia, já estou oficialmente inscrita [até tirei foto ao papel do consentimento] mas a má notícia é que não serei operada em Julho. Lá mais para Outubro.

Entretanto inscrevi-me online no portal do utente de saúde para ter acesso ao tempo de espera. E actualmente a minha cirurgia está prevista para daqui a 21 semanas. [parece uma coisa de grávidas isto de contar o tempo em semanas...].

Quanto aos exames... Já fiz um. Uma ecografia torácica bidimensional que revelou que o meu coração é espectacular. Melhor do que isso, é normal. [nunca a palavra normal me pareceu tão boa].

Ainda me falta fazer a prova de função respiratória, a endoscopia, uma radiografia ao tórax, e mais duas ecografias abdominais.

Por incrível que possa parecer a prova de função respiratória é a que tenho mais receio porque fracturei o tornozelo em Agosto do ano passado e ultimamente anda-me a doer bastante.

Por fim tenho outra consulta com o cirurgião onde é pedida a marcação da consulta de anestesia.

E depois daí acho que é só esperar. De novo. A espera engorda.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

danos colaterais

no último post falei sobre os efeitos secundários que o risidon me estava a causar certo? pois que ficaram piores...

da sensação de enfartamento, azia, náuseas, má disposição constante nos 4 dias que seguiam o aumento da dose (ou seja todas as semanas) passei a ter aftas e borbulhas nas mãos e nos pés.

comecei com uma ligeira dor de garganta num final de dia que atribuí à mudança de temperatura. no dia seguinte de manhã, enquanto me preparava para sair de casa, a minha boca entrou em erupção. rebentavam aftas atrás umas das outras e coladas umas às outras. pensei que talvez tivesse tido febre durante a noite por causa da dor de garganta. nada. não havia febre e continuavam a rebentar aftas. no espaço de 3 horas fiquei com 9 aftas (GRANDES!). apercebi-me igualmente que aquela dor de garganta afinal também eram aftas... mal conseguia beber água...

no dia seguinte à noite começaram a aparecer-me borbulhas nas mãos. a brotar tipo cogumelos.

na manhã a seguir liguei para o meu endocrinologista que me mandou suspender a toma do risidon durante 15 dias e retomar ao fim destes 15 dias reiniciando o tratamento. se passado algum tempo voltar a ter estes efeitos, é porque sou alérgica.

o médico disse que não tinha conhecimento de alguém ter tido uma reacção deste género a risidon, no entanto, existem pessoas alérgicas ao paracetamol por isso... a ver.

p.s. é bom não andar sempre enjoada! já não tinha paciência para mim! :)




terça-feira, 9 de abril de 2013

quanto mais me aproximo...

... da cirurgia mais sinto os efeitos secundários do meu peso.

uma das razões pelas quais nunca fui capaz de manter qualquer dieta e peso perdido que tinha foi a de nunca ter sentido na pele, nos ossos, no meu organismo, o excesso de peso.

apesar de sempre ter sido gorda, sempre fiz desporto (com algumas paragens intermédias) e sempre mantive uma boa condição física para o meu peso. como já disse num outro post, não tenho nenhuma doença associada a obesidade. ou pelo menos não tinha.

nas últimas análises que fiz, a minha curva da glicémia apresentou sempre valores baixos. isto quer dizer que o pâncreas anda a produzir demasiada insulina e a funcionar continuamente em esforço. tenho constantemente níveis baixos de glicémia, o que, em termos práticos, significa que se passar muito tempo sem comer começo a tremer incessantemente e com suores frios. isto é considerado um estado pré-diabético.

o endocrinologista receitou-me um medicamento chamado risidon (1000) para tomar até a data da cirurgia. juntamente com o risidon veio um papel com a evolução das tomas para o tratamento. primeira semana meio comprimido ao almoço e jantar, segunda semana meio comprimido ao pequeno almoço, almoço e jantar etc... nesse papel estavam igualmente descritos os efeitos secundários: náuseas, vómitos, enxaquecas, diarreia, etc... não me preocupou. nunca, além de um medicamento para as enxaquecas, tive alguma reacção, ou senti efeitos secundários de comprimidos.

até esta noite. são duas da manhã e estou deitada super enjoada e cheia de azia que não consigo dormir...

segunda-feira, 1 de abril de 2013

era uma vez um mês

ou neste caso... dois. Julho ou Setembro.

as consultas da semana passada apontam para aí. ou até julho ou o mais tardar setembro. 

a recomendação do endocrinologista é que a operação seja um bypass gástrico e não um sleeve. aquele batalhão de análises indicou que os meus níveis da curva da glicémia são baixos e essa é uma situação que é resolvida com o bypass e não tão facilmente com um sleeve. 
entretanto, até à cirurgia estou a tomar risidon para ajudar o pâncreas a produzir menos insulina e normalizar os valores da glicémia. 

eu estava mais inclinada para o sleeve porque, pelo que tinha lido e ouvido o bypass, é menos indicado para quem quer engravidar, coisa que quero fazer daqui a uns anos. mas, segundo o nutricionista, com o bypass ou com o sleeve as preocupações serão as mesmas: tomar vitaminas, ferro e magnésio. coisa que todas as grávidas fazem. por isso... ok :) 

saí das consultas tão feliz. só me apetecia dançar no meio da rua. já não tinha esta sensação há muito muito tempo. finalmente vejo uma luz ao fundo do túnel. 

a ver agora como correm os exames (uma endoscopia e a prova de esforço a serem marcados pelo cirurgião) e as consultas. se as marcações forem rápidas vamos para julho. se não... setembro. por mim podia ser já amanhã. 

segunda-feira, 25 de março de 2013

não as comi mas elas estão cá

é já esta semana que tenho a primeira consulta com o endocrinologista seguida da consulta com o nutricionista. ando assim desde que recebi as marcações em casa...




e esta ansiedade toda dá-me para quê? para comer! grrrrr....

segunda-feira, 11 de março de 2013

passador

a semana passada foi a vez das análises. passei a noite anterior a sonhar que estava a comer e que não o podia fazer porque tinha de estar em jejum... :/  como se tivesse sido a primeira vez que fiz análises na vida. mas não sei porquê estive tremendamente ansiosa...

então... jejum de dez horas mais a urina de 24horas... u-a-u. não há nada mais dignificante da condição humana que andar com um garrafão atrás cheio de xixi. "tomem lá o meu xixi e salvem a humanidade com ele" era a única coisa que me fazia ter orgulho do xixi. obrigada água do luso! aposto que nunca pensaram num uso tão dignificante para a vossa embalagem xl quando a conceberam.

42 análises distintas para fazer e 40 euros depois (por falar em xl...) fui picada cinco vezes por causa das análises da glicémia o que significou 3 horas no serviço de patologia clínica (picada de meia em meia hora) e significou também que dois dias depois não tinha força nos braços para uma coisa tão simples quanto pegar num telemóvel.

no meio disto tudo uma coisa engraçada:  há sempre alguém que conhece alguém, a prima da tia, da amiga, que costuma levar o cão ao veterinário no mesmo sitio que a pessoa que está a vossa frente, já fez a mesma cirurgia e esta felicíssima. foi esta a altura em que senti que a primeira pedra estava lançada e que já estava mesmo no caminho para ser operada.

p.s. ainda estou para saber de alguém que conte a história de um homem que tenha sido operado.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

encaminhamento para cirurgia através do hospital

pela minha experiência é mais moroso. estou a ser acompanhada há seis anos no serviço de endocrinologia do curry cabral. tudo indicava que seria por aqui que iria ser feita a minha indicação para cirurgia. até que o serviço perdeu um dos psicólogos.

bem mas o primeiro passo é o médico de família. é ele que faz a requisição de uma consulta de endocrinologia para o hospital da área de residência. recebe-se em casa a marcação e é só aparecer no dia e hora marcada com o dinheiro para as taxas moderadoras. cerca de cinco euros. é natural que o endocrinologista peça análises clínicas, entre as quais à tiroide, glicémia e urina. logo na primeira consulta é natural que o endocrinologista peça também a marcação de uma consulta de dietética/nutrição. qualquer um dos médicos desta especialidade pode pedir igualmente a realização de uma consulta de psicologia. é este especialista que vai decidir, através da realização de testes psicológicos, se está perante um candidato adequado para cirurgia. estes testes visam o eu real e o eu ideal, a auto estima, pensamentos disfuncionais etc... lembro-me bem do meu psicólogo na altura frisar que álcool e drogas eram exclusão certa. safa... :D

além da indicação por parte do psicólogo o IMC tem de ser superior a 40 (para uma pessoa "apenas" obesa) ou 35 (para pessoas com outro tipo de complicações, nomeadamente hormonais ou diabetes).

depois da indicação do médico a primeira coisa que acontece é a tal sessão de esclarecimento em grupo sobre os tipos de cirurgia e como decorrerá o processo.

um conselho: se estão na fase de ponderação, falem com o vosso médico abertamente. é com ele que devem avaliar os prós e os contras antes de uma decisão desta importância. existem outro tipo de soluções não definitivas se não tiverem a certeza. se isto for realmente o que querem fazer, o importante é que tenham a noção de que a cirurgia é não-reversivo. é para a vida. uma verdadeira MUDANÇA.

já dizia o darwin:

sábado, 23 de fevereiro de 2013

prólogo

nunca fui uma criança magra. mas a partir da adolescência tornei-me numa miúda gorda. com todas as questões que isso traz a nível psicológico. insegurança, refúgio, introversão etc... a minha sorte é que pelo contrário sou uma pessoa extrovertida e bem humorada portanto sempre tentei levar o meu peso de uma forma leve e descontraída e combater estes sentimentos contraditórios. disfarçar a questão portanto....

durante a adolescência nunca me faltaram namoradinhos, principalmente nas fases em que ficava mais magra. começaram aqui as dietas. todas. de a a z. da sopa de tomate, do leite com banana, do aipo, da seiva, do chá...

lembro-me que foi devido a uma dieta que comecei a beber café, coisa que não apreciava até à altura, devido ao o pequeno almoço ser um ovo cozido e uma chávena de café.

pela altura da faculdade, mais uma grande dieta. perdi 30kg. passava fome. dias em que a primeira coisa que metia no estômago era uma bolacha integral às 5 da tarde. ajudada por comprimidos prescritos pela clínica do dr. póvoas. (quando digo que fiz todas as dieta são mesmo todas) dieta+stress de exames fez com que, chegada aos 30kgs, estivesse com uma depressão e com o início de um esgotamento nervoso. ansiolíticos, calmantes etc... comecei a engordar de novo. recuperei os 30kgs e mais uns quantos por cima. mas andava feliz. na altura tinha um namorado que não se importava se parecesse gorda, magra ou zarolha. e eu fui engordando aos poucos. não se importou durante 6 anos. depois fartou-se e eu engordei mais. recuperei e fiz por emagrecer.

e é aqui que começa o meu processo no hospital curry cabral. fui encaminhada para a endocrinologia pela minha médica de família e durante seis anos fui acompanhada neste serviço. emagreci 25 kilos e andava feliz. gostava de ver os ossos a começarem a notar-se debaixo da gordura. depois... comecei a engordar de novo. por essa altura tive uma consulta de nutrição a que não fui por vergonha. não compareci a nenhuma consulta por ano e meio e durante esse ano e meio voltei a ganhar os 25 kilos.

ao fim desse tempo achei que era demais e voltei de novo à endocrinologia, mais uma vez através da minha médica de família. desta vez foi-me diagnosticado um distúrbio hormonal de seu nome doença de graves. fiz tratamento e passado um ano estava em remissão (yei!).

fora este episódio não tenho nenhuma doença/condição. as minhas análises, e faço análises pelo menos duas vezes ao ano, têm sempre os valores perfeitos. a única coisa que tenho é os níveis de glicémia baixos quando em jejum.

chegamos a 2012. tinha vindo a ser acompanhada há cerca de um ano por um psicólogo, como parte de ajustamento alimentar, que me propôs passar à consulta multidisciplinar (com um endocrinologista, nutricionista, psicólogo e cirurgião). e foi aqui que me caiu a ficha. não tinha conseguido perder peso e mantê-lo de forma autónoma. era a altura de admitir que tinha falhado e que não conseguia sozinha.

e esta foi a decisão que demorei mais tempo a tomar. e passaram 3 meses entre consultas onde pesquisei tudo. procedimentos, dietas (antes e depois dos diversos tipos de cirurgias) prós, contras, testemunhos, vi vídeos de cirurgias, vi fotos de pessoas com aventais, vi fotos de pessoas 5 anos depois de cirurgias. logo na altura o procedimento que era mais apelativo era o bypass gástrico pelo simples facto de não me cortarem e retirarem o estômago. entretanto mudei de ideias e prefiro o sleeve. cheguei à consulta de psicologia com a certeza que queria mudar de vida. que não me reconhecia como pessoa no meu corpo e que este me limitava. já tinha feito testes psicológicos e naquela consulta fiquei a saber o diagnóstico: estava considerada psicologicamente apta a lidar com tudo o que uma cirurgia bariátrica traz. chorei de felicidade.

fiquei à espera da marcação da consulta multidisciplinar que nunca mais chegou. entramos em julho e numa consulta previamente marcada com a minha endocrinologista fico a saber que o meu psicólogo tinha saído do hospital e que o serviço aguardava a entrada de um substituto. e aguardei. entretanto fracturei a perna e engordei ainda mais. e, de perna engessada lá fui eu a uma consulta, também já marcada anteriormente, de nutrição. por sorte, a consulta foi dada por um outro nutricionista que me falou do PTCO (programa de tratamento cirúrgico da obesidade) e como poderia ser inscrita no mesmo através do meu médico de família de forma a não ficar a aguardar pela chegada de um psicólogo para dar andamento ao processo no hospital.

e assim foi. médico de família inscreveu-me em setembro e fui a uma consulta multidisciplinar/sessão de esclarecimento dia 14 de dezembro de 2012. entretanto esta semana chegaram as marcações das análises e todas as consultas prévias à cirurgia: endocrinologista e nutricionista no mesmo dia (uma a seguir à outra) uns dias depois consulta com a psicóloga (externa ao curry cabral) e no final de maio a consulta com o cirurgião.

nos próximos posts vou abordar todas as questões que aqui passei pela rama: como funciona o PTCO, como funciona a marcação de cirurgia através do hospital, que tipos de testes fiz nas consultas de psicologia e como foi a consulta/sessão de esclarecimento que deu andamento ao processo.

estou a contar ser operada lá para o verão. e mudar a minha vida. de uma vez por todas.

porquê

dizem que a primeira vez custa....
pois.

então a primeira vez vai ser um aviso à navegação. este blog vai ser sobretudo informativo. sobre o quê? sobre aquilo que será a minha cirurgia bariátrica. como cheguei cá, o que fiz, o que não fiz... e porquê? porque na altura de decidir se faria, se não faria a cirurgia, andei a pesquisar no google e encontrei imensos testemunhos, mas... brasileiros.

resolvi deixar o meu testemunho da realidade portuguesa. nota: estou a ser assistida através do serviço nacional de saúde.