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sexta-feira, 20 de junho de 2014

o verão


esse papão!

gorda, com celulite, mamas a lutarem contra a gravidade e a perderem a guerra, com cicatrizes, com inseguranças, com macaquinhos na cabeça mas lá fui eu à praia.

wait a second! não fui só à praia neh? isso não é novidade nenhuma, porque sempre fui gorda de ir à praia. fui à praia de BIKINI! oh yeah!

pela primeira vez na minha vida, desde que tenho consciência do meu corpo, vesti um bikini.

e porque é que escolhi um bikini e não um fato de banho?

primeiro porque os meus fatos de banho do ano passado me estão a nadar (ou como gentilmente o meu namorado me disse quando os experimentei: parece que tens cu de velha! :) e de facto parecia) e depois porque ainda não encontrei um único fato de banho em tamanhos normais que gostasse. ou porque aperta as costas, ou porque é demasiado cavado na cueca, ou porque é demasiado tapado... bom. não encontrei.

mas encontrei um bikini, modelo tipo anos 50, de cueca subida mas com um padrão floral mesmo giro. e pronto. foi o início de uma historia de amor.

e como foi a minha primeira ida à praia de bikini? foi com uma amiga minha e numa praia onde não corria o risco de encontrar ninguém conhecido e portanto estive à vontade. a praia também não estava demasiado populada, portanto ainda melhor. é claro que quando chegou a altura de ir à água e "desfilar o meu corpo de sereia" pelo areal não me senti nada confortável, mas meti os medos para trás das costas e lá fui eu.

a segunda vez, foi na costa da caparica, na minha praia habitual, com o meu namorado. mais uma vez não me senti confortável, e estava tão insegura que até lhe pedi para me tirar uma foto com o telemóvel comigo deitada na toalha de praia para ter noção da figura que estava a fazer. chegada a altura do desfile, fiz-me à passadeira, vulgo areal, de cabeça baixa e cabelo à frente da cara para não ver se alguém reparava no meu rabo descaído ou na minha celulite ou nas minhas pernas com pregas e gelatinosas. refrescada e de cabelo molhado já não deu para esconder a cara e resolvi fazer uma pega de caras e lá fui eu orgulhosa ostentando as minhas imperfeições todas areal a fora.

devo dizer que não foi perfeito. mas foi um dia que não me vai sair da memória tão cedo. levei as minhas inseguranças ao mar e deixei partes delas a boiar.




quinta-feira, 12 de junho de 2014

porque nem tudo são rosas

estava a ler em retrospectiva o que tenho escrito e senti que estava a passar a mensagem que o mundo é cor de rosa e é tudo perfeito e a vida é espectacular. bem... pessoalmente, pesam muito mais as vantagens que as desvantagens mas, como até os círculos tem o lado de dentro e o de fora resolvi fazer uma lista de vantagens e desvantagens de um bypass gástrico

a nível físico:
  • vantagem: emagrecer. obviamente. sem assim não fosse mais valia ficar quietinha. 
  • vantagem: bem estar geral. como é que vos posso dizer isto? fisicamente sinto-me muito mais apta do que anteriormente. subo e desço escadas, pulo sem me preocupar nas dores que vou ter nos joelhos, ando ando e ando sem me cansar excessivamente...
  • vantagem: análises clínicas exemplares. sem rasto de diabetes, colesterol (está a 75, sim o "mau"), ou qualquer outra coisa feia. 
  • vantagem: voltei a gostar de me ver ao espelho (pelo menos vestida).
  • vantagem: arranjo-me mais. passo batom e rímel diariamente. 
  • vantagem: deixei de fumar. e é muito menos stressante do que o que esperava. acho que por estar focada na alimentação não me foco no não fumar. embora todos os dias pense em fumar opto por não o fazer. 
  • vantagem: o sexo é muito mais espectacular. tal qual me mexo melhor no ginásio também me mexo melhor na cama. e a minha vida sexual ganhou imenso com isso. e o meu namorado agradece.
  • desvantagem: queda de cabelo: é enorme. sinto que vou ficar careca. todos os dias tapo o ralo com os cabelos que me caem no banho. além dos que caem ao longo do dia. 
  • desvantagem: cansaço físico ocasional derivado à escassez de ferro. 
  • desvantagem: flacidez. as minhas pernas, braços e maminhas são as partes mais afectadas. 


a nível psicológico:

  • vantagem: o espaço mental. mentalmente já ocupo menos espaço. quando entrava no autocarro tentava sentar-me num banco único para o meu rabo grande não apertar o vizinho do lado. essa preocupação foi-se. 
  • vantagem: o reflexo nas montras. gosto de me ver nos reflexos das montras na rua. enquanto no inicio não me reconhecia, hoje já me consigo reconhecer naquele reflexo. ainda estranho a magreza, mas já consigo perceber que aquela figura é a minha. 
  • vantagem: sinto-me mais mulher. e mais bonita. 
  • vantagem/desvantagem: a compulsão. se anteriormente tinha compulsão por comer, agora ela não desapareceu, mas transformou-se. passo muito tempo a pensar em comida. nomeadamente no que vou fazer pro jantar/almoço do dia seguinte, do lanche desse dia, do que levo para o trabalho etc... se a grande vantagem é o planeamento de refeições para continuar a seguir a alimentação saudável, a desvantagem é que não deixo de pensar em comida. 
  • desvantagem: a ansiedade não desaparece com a cirurgia. é ainda mais importante controlar o que se come. não se deve optar pela cirurgia de ânimo leve. ela não faz magia. a maior mudança está na cabeça. isso é o mais difícil. agora, sete meses depois da cirurgia, ainda tenho apetites, ainda tenho gula, ainda me apetece comer a porta do frigorífico se for preciso [principalmente naquela altura do mês]. a diferença é que não posso. não optei por me sujeitar a uma cirurgia para voltar a fazer tudo de mal de novo. 
  • desvantagem: a recriminação alheia. pessoas que olham para o teu prato e dizem: vais comer isso tudo? sim! o isso tudo é o equivalente ao tamanho de um prato de sobremesa com meia porção de carne/peixe 1/4 de legumes e 1/4 arroz/massa, mas por alguma razão, toda a gente acha que só vais beber líquidos até ao fim da tua vida. ou que só irás comer uma unha de carne. não. o estômago é um músculo. ele estende. à medida que a dieta vai progredindo ele aumenta de tamanho para absorver as 120 gramas de carne/peixe que deve conter uma refeição sólida. é esta a quantidade ideal para a vida. por isso parem de achar que é muito recriminando ok? 
  • desvantagem: a socialização à volta da comida. jantares de amigos, de família e toda a socialização que se faz à volta da comida torna-se diferente. tens as tuas regras e horários para comer e nem sempre isso é fácil de cumprir. em todos os momentos de socialização há entradas, prato, sobremesa e com isso existem também pessoas que te querem forçar a comer. "só um queijinho agora. é fresco! ou umas azeitonas" não. não quero a fruta a seguir à refeição. não não quero o copo de sumo, vinho, sobremesa o que seja. só preciso da minha refeição para me alimentar. 
  • desvantagem: culpabilização por comer. é inevitável. pelo menos para mim. às vezes acho que como demasiado e fico a culpar-me por isso. continuo a achar que comer é sempre mau. embora coma sempre saudável e faça as opções certas é difícil de apagar este registo na minha cabeça. não consigo ainda recompensar-me mentalmente por comer. a reforçar este sentimento ainda existem pessoas que dizem: "já estás a comer de novo?" e penso: sim! já passaram duas horas desde a última refeição e um ser humano normal deve fazer seis refeições por dia. 
  • desvantagem: ainda me percepciono como gorda e imagino como um estranho me percepciona. se gorda ou "normal". 

a nível do dia-a-dia 

  • vantagem: todas as compras no supermercado merecem uma cuidadosa análise da informação nutricional dos alimentos. as compras impulsivas quase desaparecem quando percebo que preciso de uma hora de elíptica no ginásio para gastar as calorias de um mau alimento em detrimento de outro mais saudável, menos calórico e com baixo nível glicémico. 
  • desvantagem: ainda não sei comprar roupa "normal". tenho medo de experimentar roupa em números de gente normal e desiludir-me que ainda não caibo numas calças ou numa saia. e a desculpa que costumava dar a mim mesma que só fazem roupa para gente magra já não serve mas ainda não sei comprar roupa para o meu novo corpo. continuo a usar as coisas largas ou que escondem o rabo ou a barriga como anteriormente. 

pequenos truques

  • vejo atentamente todos os rótulos e informações nutricionais de cada coisa que compro. 
  • opto pelos degraus em vez das escadas rolantes.
  • saio uma paragem antes ou depois da que está mais próxima do trabalho e faço o resto do percurso a pé
  • não como pastilhas para não manter o meu estômago em "trabalho constante" e não alimentar um vicio de boca.
  • peso-me todos os dias. 

resumindo, não encaro o facto de ter feito a cirurgia e a alimentação que daí adveio como dieta. encaro como uma mudança de vida. não mudei a minha alimentação. tornei-me numa pessoa mais saudável. acho que essa é a maior vantagem. e não há nada que contrarie isso. 

não é fácil a nível psicológico manter os níveis de motivação altos. principalmente nas alturas em que o efeito plateau se faz sentir e a perda de peso é nula ou muito reduzida. o bypass não é uma cura ou faz magia. é uma ajuda. um empurrão. o resto do caminho somos nós a fazê-lo. 





segunda-feira, 2 de junho de 2014

7 meses

chegou o dia do post resumo dos sete meses. 

menos 45 quilos. 

este mês só perdi 3 kilos. qualquer perda é óptima penso eu, mas já não estou habituada a estes valores normais. 

ao mesmo tempo justifica-se. esforcei-me demasiado no ginásio e lesionei-me no joelho o que me obrigou a ficar fora do ginásio por uns tempos. portanto se for a pensar 3 kilos sem fazer ginásio há duas semanas até nem é mau. amanhã tenho consulta marcada no ortopedista, visto que, aquilo que julgava ser um simples estiramento, nunca mais passa e já me levou a andar de canadianas. logo vejo quais são as previsões de regresso ao exercício físico. 

entretanto este mês, com o calor, as saladas passaram a abundar muito mais nos meus menus. nomeadamente salada de couve roxa com pepino e cebola nova. bem temperada com oregãos e manjericão tem acompanhado algumas refeições, sendo que já fez uma refeição à noitinha. passei a utilizar também algas chinesas e rebentos de soja. descobri que o meu estômago tolera muito bem estes dois alimentos. 

neste mês também, mudei de corte de cabelo. a minha cabeleireira já não me via desde antes da cirurgia e fez um ar de espanto enorme quando me viu. já não podia mais com o meu cabelo de rato e cortei e dei volume ao mesmo tempo que fiz uma franja para ajudar a esconder mais esta falha enorme que tenho aqui na frente. 

e pronto. acho que é isto. cada dia mais próxima do meu objectivo que é enfiar-me numas calças normais da zara. :)