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sábado, 12 de julho de 2014

jogar às escondidas

antes da cirurgia, e consciente do meu corpo e da minha figura, evitava algumas saídas, algumas socializações, particularmente com pessoas com quem já não estava há algum tempo porque não queria que se instalasse a imagem de mim extra gorda. Afinal já estava na recta final para mudar a minha vida e o custo social de uma obesa mórbida é elevado.

assim a socialização no ano anterior à cirurgia manteve-se restringida a um grupo pequeno de amigos e colegas do trabalho. ao mesmo tempo as fotos que ia publicando no facebook (raras) nunca eram de corpo inteiro e sempre em plano picado para a minha cara parecer mais magra. 

agora, oito meses depois, continuo com pouca socialização. e porquê? porque já tenho vergonha de toda a gente que me vê arregalar os olhos, fazer um olhar de espanto e fazer uma festa onde só faltam os confettis. eu sou o assunto de conversa! desde a minha vizinha, até à senhora da limpeza do edifício onde trabalho, toda a gente tem uma opinião a dar. não estou a dizer que detesto, mas eu não gosto de ser o centro das atenções e tenho uma certa dificuldade em lidar com elogios. então fico sempre embaraçada sem saber o que dizer, a olhar para o chão e lá vou balbuciando um obrigada e "já agora dá para falar noutra coisa?" 

e noutro dia chegou o auge dos elogios e da surpresa, também conhecido por actualização da minha foto de perfil no facebook. 

muita gente não me via há muito tempo + eu não meti propriamente no meu status que tinha feito um bypass = estás irreconhecível, és tu?, que é que fizeste à minha princesa?, gira, brasa, etc...  assim aos magotes!  

tive de fazer uma escolha. entre o manter -me socialmente gorda ou assumir o novo eu e deixar de ser discreta. é claro que a escolha é o novo eu certo? é com ele que vivo todos os dias mas na verdade só queria passar despercebida. 

resumindo: jogar as escondidas tem sempre o seu custo. mais tarde ou mais cedo descobrem-nos. 

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